Equipamentos de última geração estão há 6 anos encaixotados em cinco hospitais públicos do DF

  Robô cirúrgico está lacrado há 6 anos no HRG — Foto: Arquivo pessoal

Robô cirúrgico está lacrado há 6 anos no HRG — Foto: Arquivo pessoal

Há seis anos, cinco equipamentos de última geração – que custaram mais de R$ 2,8 milhões aos cofres públicos – estão encaixotados em cinco hospitais público do Distrito Federal. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde nesta segunda-feira (10), após o G1 revelar que um “robô cirúrgico” usado em neurocirurgias está embalado e sem uso no Hospital Regional do Gama (HRG).

De acordo com a pasta, são quatro robôs cirúrgicos e um robô para procedimentos invasivos. Eles estão nas seguintes unidades de saúde:

 

  • Hospital Regional do Gama
  • Hospital Regional de Sobradinho
  • Hospital Regional de Ceilândia
  • Hospital Regional de Taguatinga
  • Hospital de Base

 

Segundo a Secretaria de Saúde do DF, os equipamentos de última geração ficarão encaixotados até uma decisão final da Justiça sobre a destinação (entenda abaixo). A pasta disse que o material foi comprado “sem o devido planejamento prévio”.

 

“Pareceres técnicos apontam que não há infraestrutura para instalação dos aparelhos, principalmente em relação à capacidade da rede elétrica em alguns hospitais.”

 

A secretaria informou ainda que profissionais não foram treinados para usar os aparelhos. Questionada pela reportagem sobre a manutenção, a Saúde informou que “não há contrato de manutenção porque os equipamentos não estão sendo usados”.

 

Espera por neurocirurgia

 

Paciente é operado com o auxílio de robôs usados para procedimentos cirúrgicos à distância, em imagem de arquivo — Foto: SRI International/Wikimedia CommonsPaciente é operado com o auxílio de robôs usados para procedimentos cirúrgicos à distância, em imagem de arquivo — Foto: SRI International/Wikimedia Commons

Paciente é operado com o auxílio de robôs usados para procedimentos cirúrgicos à distância, em imagem de arquivo — Foto: SRI International/Wikimedia Commons

A reportagem também revelou que, enquanto isso, 69 pacientes estão na fila a espera de neurocirurgia no DF. O Hospital de Base é a única unidade que realiza o procedimento na capital. Segundo a pasta, os pacientes “estão sendo reavaliados e reorganizados”.

 

Compra dos equipamentos e condenação

 

Em 2013, durante a gestão do então governador Agnelo Queiroz (PT), o GDF começou o procedimento para a aquisição de robôs para uso nos chamados “procedimentos invasivos”. A tecnologia estava prevista para os hospitais de Base, de Ceilândia, do Gama, de Taguatinga e de Sobradinho.

Em maio de 2018, o ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa, outros três ex-gestores da pasta e representantes de uma empresa de material hospitalar foram condenados pela compra sem licitação do equipamento. A reportagem não conseguiu contato com nenhum dos citados.

De acordo com o Ministério Público do DF (MPDFT), como na época não havia recursos para a aquisição desses equipamentos, “houve desvinculação de verbas com outras finalidades imprescindíveis”.

 

Sem preparo

 

Para o MP, o contrato foi firmado de “forma temerária”, ou seja, sem a verificação de possibilidade de outras opções no mercado, com menor preço.

 

“Os gestores não prepararam os hospitais da rede pública para receber os equipamentos, que necessitam de uma infraestrutura diferenciada”, diz o MP.

 

Em 2014, após um ano da aquisição dos aparelhos, apenas um robô estava em uso no Hospital de Base, “sem informação da produtividade”.

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