
O governador Ibaneis Rocha (MDB) e o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Rafael Prudente (MDB), tentam dissolver o diretório do partido na capital federal. Na prática, a dupla articula para retirar do ex-vice-governador Tadeu Filippelli a presidência da sigla no DF. Ibaneis e Prudente apresentaram, na terça-feira (23), requerimento ao presidente nacional do MDB pedindo a suspensão da eleição interna do partido, marcada para o dia 6 de maio, além da dissolução do diretório.
A medida coloca em lados opostos antigos aliados. O presidente da sigla no DF, Tadeu Filippelli, era padrinho político do governador e foi figura central na campanha vitoriosa de Ibaneis ao Palácio do Buriti, no ano passado.
Em janeiro, logo após assumir o cargo, Ibaneis explicou em entrevista ao G1 o papel do ex-vice-governador no início da campanha.
“O Filippelli, quando teve o primeiro problema na Justiça, deixou claro que não seria candidato. Que não iria colocar a eleição em risco por conta do nome dele. E ele partiu para uma candidatura a deputado federal. Acho que a cidade até errou. Deveria ter eleito um homem bastante experiente na política.”
Ibaneis inclusive nomeou Ericka Filippelli, nora do ex-vice, para chefiar a Secretaria de Estado da Mulher em seu governo. Como presidente do partido na capital, Tadeu Filippelli também atuou na campanha do distrital Rafael Prudente.
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Na foto, o presidente da Câmara Legislativa do DF, deputado distrital Rafael Prudente (MDB) — Foto: Câmara Legislativa/Divulgação
Pedido
Segundo o pedido de dissolução do diretório local, “é fato notório que o MDB não tem tido a mesma expressão que outrora já teve. A direção atual encontra-se desgastada e insiste em se manter no comando à revelia do que determina o estatuto”.
O requerimento cita o resultado das eleições de 2018 e afirma que o MDB-DF “não conseguiu eleger seus principais candidatos, mesmo concentrando quase todos os recursos em candidaturas específicas, de apadrinhados da atual direção, como se constata de simples consulta aos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral”.
Ainda de acordo com o pedido, “a atual direção do partido está, em grande medida, concentrada em pessoas sem compromisso institucional com o partido e desconectadas com a sociedade”.
Trecho de pedido que pede a dissolução do diretório do MBD-DF — Foto: Reprodução
A questão será analisada pelo ex-senador Romero Jucá, atual presidente da executiva nacional do MDB. Notificada, a Executiva Nacional do MDB dará cinco dias para que o ex-vice-governador Tadeu Filippelli apresente defesa.
Ao G1, Filippelli afirmou não ter conhecimento sobre o pedido. “Não conheço. Só sei o que foi publicado na imprensa. Como desconheço a peça, como eu vou falar?”, disse.
O governador Ibaneis Rocha foi acionado por meio de assessoria de imprensa, que informou que o chefe do Palácio do Buriti não vai comentar o caso.
Justiça
Tadeu Filippelli foi deputado distrital, deputado federal e vice-governador do DF. O último cargo foi ocupado entre 2011 e 2014.
Em 2017, ele foi preso no âmbito da Operação Panatenaico, braço da Lava Jato, que investigou corrupção em obras realizadas pelo GDF na capital. Segundo as investigações, Filippelli teria participado de conluio com empreiteiras que repassavam valores ilícitos a políticos.
No ano passado, o ex-vice se candidatou a deputado federal. No entanto, não conseguiu se eleger.