Por G1 DF e TV Globo
O Distrito Federal teve um aumento de mais de 220% nos casos prováveis de dengue neste ano em comparação com 2018, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde nesta quarta-feira (27). Foram 1.142 registros até o dia 16 de fevereiro, contra 355 no mesmo período do ano passado.
De acordo com o documento, houve uma explosão no número de casos na região central – que abriga Asa Norte, Asa Sul, Cruzeiro, Lago Norte, Lago Sul, Sudoeste, Octogonal e Varjão. Juntas, as ocorrências dessas oito regiões do DF saltaram de 19 casos no ano passado para 64 em 2019.
O boletim diz que o desenvolvimento “acelerado” da doença no DF “persiste e a situação epidemiológica continua preocupante”. A pasta aponta que o cenário atual é atípico porque em anos anteriores o aumento dos registros ocorreu no final do verão e início do outono – entre março e junho.
Mortes
O levantamento da secretaria mostrou ainda que, somente no início deste ano, a capital já contabilizou três mortes – dois moradores do DF e uma pessoa que vivia em outro estado, mas recebeu atendimento nas unidades de saúde de Brasília.
Índice de casos suspeitos
Além do número de casos prováveis, a pasta também calcula o índice de casos suspeitos para cada 100 mil habitantes. Nessa conta, a cidade com maior proporção no DF é São Sebastião.
Na região, foram 250 ocorrências para cada 100 mil pessoas – uma das três mortes por dengue ocorreu em São Sebastião.
Na tarde desta quarta-feira, em menos de uma hora, agentes da Vigilância Ambiental encontraram muitas larvas do mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, da zika e da chikungunya – em casas da região.
À reportagem, o chefe do núcleo de vigilância ambiental de São Sebastião, Milton Coutinho, disse que a população precisa ajudar a combater o mosquito. “A gente pede à população que nos ajude a combater a dengue. Se a gente não lutar, não trabalhar, isso daqui vai virar não só um surto, mas uma epidemia.”
Índice de infestação
O índice de infestação, ou seja, o número de casas visitadas pelos agentes que tinham criadouros de mosquitos caiu de 2,05% em fevereiro do ano passado para 0,83% agora.
A situação, no entanto, é considerada preocupante. Isso porque, em 2019, os servidores da vigilância ambiental encontraram larvas em todas as regiões do DF. Em nove delas, o alerta está aceso:
- Lago Norte (3,25%)
- Itapoã (2,54%)
- Park Way (2,05%)
- Jardim Botânico (1,5%)
- São Sebastião (1,49%)
- Scia e Estrutural (1,39)
- Planaltina (1,36%)
- Paranoá (1,19%)
- Gama (1%)
Aedes
Tanto a dengue, quanta o zika e a febre chikungunya são transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, que também é vetor da febre amarela e do mayaro.
Considerada uma das espécies mais difundidas no planeta pela Agência Europeia para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), o mosquito – que tem nome significando “odioso do Egito” – é combatido no país desde o início do século passado.
No Brasil, ele chegou a ser erradicado duas vezes durante o século XX. Na década de 1950, o epidemiologista brasileiro Oswaldo Cruz comandou uma campanha intensa contra ele no combate à febre amarela. Em 1958, a Organização Mundial da Saúde declarou o país livre do Aedes aegypti.