Cascalho, areia, pedras e tijolos que edificaram Brasília foram o tema da sessão solene em homenagem aos construtores da cidade na manhã desta quinta-feira (20) no plenário da CLDF, conduzida pelo presidente da Casa, deputado Joe Valle (PDT), e pelo vice-presidente, deputado Wellington Luiz (MDB), autor da iniciativa. “Poucas vezes vi esse plenário tão cheio de companheiros que fizeram a história desta cidade”, observou Wellington, ao destacar a importância de “resgatar a história por quem ajudou a fazê-la em cada caminhão de areia e em cada tijolo para nos transformar no que somos hoje”.
O deputado Joe Valle reforçou o reconhecimento aos pioneiros. “Os senhores são os construtores da maior realização do brasileiro, são os artífices dessa grande obra, que é Brasília”, disse. Para o deputado Raimundo Ribeiro (PPS), trata-se de uma homenagem justa e oportuna aos que ergueram a “Brasília divinal”. No entanto, Ribeiro considerou que “na Brasília de hoje o trem descarrila e a ponte cai, sendo que o pior é ver o cinismo de alguém se referir à cidade como velha, aos 58 anos”. O parlamentar disse ainda que há um “sentimento de dívida aos construtores, por isso, precisamos refazer essa cidade para honrar o trabalho de vocês”.
A mesma intenção foi manifesta pelo deputado Wasny de Roure (PT). “Precisamos continuar acreditando em Brasília porque esta cidade pertence ao povo brasileiro”. Wasny argumentou que homenagens como esta são “pequenos gestos que nos fazem enxergar o futuro no cenário de falta de esperança em que estamos”.
Mapa da ocupação – Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Luiz Carlos Botelho, que aqui chegou em janeiro de 1957, o maior mérito de Brasília foi transformar o mapa da ocupação da população brasileira: “era um País exclusivamente voltado para o Atlântico e de costas para seu interior”. Botelho lembrou que a construção da capital “foi em cima do pulso e do braço; as redes de água e esgoto que chegaram primeiro, na Asa Sul, foram construídas na pá e na picareta, sem máquinas”. Ele lamentou o fato de a cidade, hoje com mais de três milhões de habitantes, “estar perdendo todos os dias a capacidade produtiva para outros estados”. Segundo Botelho, é necessário “tirar o engessamento da cidade”, qualificada por ele como “cidade proibida”. “Vamos criar uma frente para desburocratizar essa cidade”, proclamou.
A preocupação do setor produtivo para com o futuro da cidade foi ressaltada pelo presidente da Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco), Luiz Afonso Assad; da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Paulo Roberto Muniz, e da Fibra-DF, Jamal Bittar. “Esse setor reúne história e ainda continua produzindo pela cidade”, ressaltou Bittar, ao agradecer a contribuição da Casa ao setor.
O diretor regional do SESC, José Roberto Safir, lembrou que a entidade está entre os edificadores de Brasília: “mais do que área construída, o SESC ajudou a edificar a cidade com educação, saúde e atividade social”.
O empresário Paulo Octavio e o presidente regional do PMDB, Tadeu Filipelli, entre outras autoridades, participaram da solenidade, em que houve entrega de condecorações e apresentação da Banda dos Fuzileiros Navais.