MP investiga se obra no Trevo de Triagem Norte polui Lago Paranoá

Por G1 DF e TV Globo

Obra no Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

Obra no Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

O Ministério Público do Distrito Federal abriu investigação para apurar se a obra do Trevo de Triagem Norte está poluindo o Lago Paranoá. A suspeita da Promotoria de Meio Ambiente é de que terra contaminada esteja escorrendo para as águas.

“Há indícios pela coloração da água. Então, com a chuva, há uma mancha bem acentuada naquela região que indica tratar-se de área que foi escavada e que a terra está indo pra lá”, apontou o promotor Roberto Carlos Batista.

Por conta disso, o MP solicita – pela segunda vez desde o início das obras – que o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) faça uma vistoria na área para verificar possíveis danos ambientais provocados pela intervenção.

Lama de obra do Trevo de Triagem Norte em contato com margem do Lago Paranoá, no DF

Lama de obra do Trevo de Triagem Norte em contato com margem do Lago Paranoá, no DF

Ao longo da obra, barreiras feitas com pedras e tecidos sustentam grandes montes de terra e evitam enxurradas de lama. Canaletas também direcionam a água da chuva para que ela não escorra para o lago.

No entanto, em outro trecho da obra, próximo à Ponte do Bragueto, não há qualquer barreira de contenção. A terra fica amontoada perto da pista e, do outro lado, está a margem do Lago Paranoá.

Barreiras de contenção de terra feitas com pedras e tecidos nas obras do Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

Barreiras de contenção de terra feitas com pedras e tecidos nas obras do Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

“A grande preocupação significa preservar o lago para qualidade de vida da população e sobretudo pra se garantir água, sobretudo agora que a crise hídrica está bem acentuada e que começamos a captar água naquela região da bacia”, acrescentou o promotor.

 

O que dizem responsáveis?

 

O Ibram informou ao G1 que a obra do Trevo de Triagem Norte está “devidamente licenciada” e que deslocou técnicos ao local para verificar a situação. Segundo o instituto, a “lama que está seguindo para o Lago Paranoá, devido ao volume de chuvas” não é contaminante e “não possui qualquer tipo de rejeito”.

“Até o momento a obra não está provocando assoreamento, o que acontece quando parte do barranco é quebrado e desliza para o corpo d’água.”

Poça de água formada por chuva em obras do Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

Poça de água formada por chuva em obras do Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

O diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Henrique Luduvice, disse à TV Globo que a terra escavada na obra não está caindo no lago. “A obra vem seguindo todas as recomendações e condicionantes da Adasa e também do Ibram.”

Ao G1, o DER comunicou que um relatório encaminhado à Agência Nacional de Águas (Adasa) e ao Ibram atesta que a lama vem do lançamento da drenagem de águas pluviais do Noroeste.

 

“Efetivamente, podemos afirmar que aquela mancha é proveniente do Noroeste”, disse Luduvice.

 

Contenção de terra feita com pedras e tecidos em obras do Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

Contenção de terra feita com pedras e tecidos em obras do Trevo de Triagem Norte, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)

 

Risco ambiental

 

Em fevereiro do ano passado, o Ministério Público recomendou que o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) interditasse as obras por irregularidades ambientais. O órgão apontou que as intervenções não tinham o Projeto Básico Ambiental, “indispensável para o início de qualquer obra que cause impacto significativo”.

Uma perícia apontou danos ambientais em áreas consideradas sensíveis, como córregos, nascentes e veredas. Entre elas, uma nascente e um corpo hídrico que drena água justamente para o Lago Paranoá.

Obras do Trevo Triagem Norte  (Foto: Luiza Garonce)

Obras do Trevo Triagem Norte (Foto: Luiza Garonce)

Na ocasião, o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) disse ao G1 que havia cumprido as condicionantes e encaminhado relatório ao Ibram. O Ibram, por sua vez, informou que não havia acatado a recomendação, mas que prestara esclarecimentos e encaminhara uma cópia digital do processo de licenciamento.

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