Segue o baile, continua o escárnio e o brasiliense só assiste

 Por Hélio Doyle

Algumas notícias do dia mostram porque é preciso mudar muita coisa em 2018. No Legislativo, no Executivo e no Judiciário.

Três dos deputados distritais acusados de corrupção apresentaram suas defesas à Justiça. Julio César (PRB), Bispo Renato (PR) e Raimundo Ribeiro (PPS) não contestam as graves denúncias contra eles, apenas alegam que as gravações que os comprometem são “clandestinas e ilegais”, segundo o Metrópoles. Argumentam também que foram feitas “com interesses políticos”. Esse é um argumento típico dos que não têm defesa, pois as provas são convincentes. Contam com a benevolência de juízes que recorrem ao formalismo jurídico para absolver bandidos notórios. E, enquanto isso, continuam exercendo livremente seus mandatos na lamentável Câmara Legislativa e até indicando secretários para o governo de Rodrigo Rollemberg.

A Câmara Legislativa aumentou seus gastos com consumo de água no ano que Brasília passa por sua maior crise hídrica e a população sofre racionamento. O repórter Suzano Almeida, do Metrópoles, conta que o aumento foi de 10,2% em relação ao ano passado. As despesas de manutenção da inútil e dispendiosa Câmara aumentaram em R$ 1 milhão entre 2016 e 2017. Os brasilienses pagam para distritais se locupletarem.
O governador Rollemberg “ofereceu”, ainda segundo o Metrópoles, um jantar para cinco governadores do Centro-Oeste e para Geraldo Alckmin, de São Paulo. Foi numa churrascaria na Vila Planalto. A matéria, com informações da Agência Brasília — do governo — não diz se Rollemberg “ofereceu” o jantar pagando do próprio bolso ou com dinheiro público. Políticos adoram se reunir em cafés da manhã, almoços e jantares — desde que o contribuinte pague por eles.
A greve dos metroviários já deu prejuízo de R$ 6 milhões à empresa que opera o metrô, conta o Correio Braziliense. A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal já arca com enorme prejuízo operacional, é mal administrada e incapaz de oferecer serviços de qualidade. Mas o governo continua se mantendo passivo diante da greve que chega ao 28º dia, aguardando uma decisão de lenta e também passiva Justiça do Trabalho. A população continua sendo prejudicada.
É o líder do governo na Câmara, o deputado Agaciel Maia (PR), quem está negociando uma proposta de reajuste salarial para os policiais civis. A jornalista Ana Maria Campos, do Correio Braziliense, observa que “Agaciel pode conseguir e ficará com uma bandeira e tanto nas próximos eleições”, se conseguir o aumento para os policiais. Das duas, uma: ou o governador quer mesmo dar uma ajuda ao deputado aliado ou está mais uma vez demonstrando a inapetência de seu governo em se articular e negociar com servidores. Governo que precisa de deputado para mediar relações com quem quer que seja é incompetente e sem atitude. Ou quer fazer média com o político, o que significa que é conivente com a politicagem barata.
A Câmara Legislativa gasta tempo e dinheiro discutindo proposta do deputado Cristiano Araújo (PSD) obrigando bares e restaurantes a vender preservativos, de acordo com a coluna Alto da Torre, do Jornal de Brasília. Mas é só mais um projeto idiota entre tantos que aparecem na excrescência que é nosso parlamento local.
O Tribunal de Justiça do DF propôs, a Câmara aprovou e o Senado está aprovando, um projeto que autoriza reajustes de até 720% nos preços cobrados pelos cartórios de Brasília. O assunto é manchete no Correio Braziliense e quem denunciou o absurdo — que se soma ao absurdo que é a existência de cartórios nos modelo brasileiro — foi o senador José Antonio Reguffe, que tem o mérito de permanecer sem partido.

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