Rodrigo Delmasso propõe Semana da Cultura Hétero e justifica: 'já sofri preconceito'

Por Marília Marques, G1 DF

Um projeto de lei (PL) do deputado distrital e pastor Rodrigo Delmasso (Podemos-DF), propõe a criação da “Semana de Difusão da Cultura Heterossexual” no Distrito Federal. A proposta foi apresentada ao plenário da Câmara Legislativa (CLDF) nesta terça-feira (7) e prevê que a 3ª semana de junho seja um “marco para sociedade celebrar valores da família”.

O projeto é um dos 473 apresentados por Delmasso à Câmara do DF durante os três anos de mandato. O deputado também é presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Em entrevista ao G1 nesta quarta (8), o distrital diz já ter sofrido preconceito pela sua própria orientação sexual, o “heterossexualismo” (sic).

“Também já sofri preconceito, mas não me envergonho de ser heterossexual, me sinto bem sendo assim.”

O deputado diz, ainda, que a terceira semana de junho não tem um motivo específico para ter sido escolhida para a celebração, mas deve servir para difundir os “princípios da cultura heterossexual”, que segundo Delmasso, é de “respeito à pessoa do sexo oposto”.

“Não é para imprimir o ‘orgulho de ser hétero’. A manifestação é para demonstrar as boas práticas do heterossexualismo. A difusão da cultura heterossexual vai ajudar a combater, inclusive, o machismo.”

Trecho do projeto de lei que propõe a criação da 'Semana de Difusão da Cultura Heterossexual', de autoria do distrital Rodrigo Delmasso (Foto: Reprodução)

Trecho do projeto de lei que propõe a criação da ‘Semana de Difusão da Cultura Heterossexual’, de autoria do distrital Rodrigo Delmasso (Foto: Reprodução)

Seguindo os trâmites da Casa, o PL proposto por Delmasso deve passar pela análise de membros da Comissão de Direitos Humanos da CLDF. O G1 procurou o presidente, o deputado distrital Ricardo Vale (PT), para comentar o projeto. O parlamentar diz achar a proposta “extremamente ruim” e um meio de “acirrar a intolerância e o preconceito contra as minorias”.

“Quem sofre agressão são pessoas da comunidade LGBT, mulheres e negros. Ele só criou esse projeto para combater as lutas de minorias que têm o sentido de garantir seus próprios direitos.”

Vale também rebateu a afirmação de Delmasso quando disse já ter sofrido preconceito devido à orientação sexual. “Vou até estudar o caso dele”.

“Ele é o primeiro que vejo falar que foi discriminado por ser hétero. Ninguém nunca veio aqui [na comissão] reclamar este tipo de agressão.”

Manifestantes protestam em frente à Câmara Legislativa do DF contra decreto que derrubou regulamentação da lei anti-homofobia (Foto: Marília Marques/G1 )

Manifestantes protestam em frente à Câmara Legislativa do DF contra decreto que derrubou regulamentação da lei anti-homofobia (Foto: Marília Marques/G1 )

 

Difusão da cultura LGBTI

Em outubro, a Frente Parlamentar Evangélica da CLDF – presidida por Rodrigo Delmasso – enviou uma nota ao governo do DF pedindo que o Buriti anulasse uma portaria da Secretaria de Cultura, que cria uma política cultural específica para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais (LGBTI).

A solicitação foi enviada à Secretaria de Cultura dois dias após a publicação da medida no Diário Oficial. Na época, a pasta informou ao G1 que não se posicionaria sobre a questão.

A nota de repúdio afirma que a política “fere diretamente o direito das famílias brasilienses”, assim como à cultura que “valorize os princípios e valores da família”.

O texto da portaria autoriza a Secretaria de Cultura a criar um comitê técnico, dentro da Subsecretaria de Cidadania e Diversidade, para “a valorização e a difusão da cultura LGBTI, da diversidade de suas identididaes e proteção de sua memória cultural”

A política também busca identificar e estudar estes movimentos no DF e promover ações de respeito à diversidade das identidades de gênero e de orientações sexuais. A portaria completa está disponível no Diário Oficial.

Questionado pelo G1 nesta quarta (8), do porquê de se posicionar contrário à criação da política, Rodrigo Delmasso diz que não veio para “promover a guerra ou a paz”. O distrital não comentou uma possível relação do próprio posicionamento na época com a atual proposta apresentada à Câmara Legislativa do DF.

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