Os republicanos em Washington podem estar prontos para seguir em frente após a derrota na lei de cuidados de saúde, mas conservadores dos Estados Unidos estão alertando o Congresso liderado pelo Partido Republicano a não abandonar a promessa de revogar a lei da era Obama, caso contrário arriscarão um pesadelo político nas eleições do próximo ano.
O fracasso do Senado na semana passada em aprovar a revogação da legislação de saúde enfureceu a base republicana e desencadeou uma nova onda de temores. O colapso expôs um partido paralisado pela divisão ideológica que não conseguiu cumprir a principal promessa de campanha.
Depois de dedicar meses ao debate e sete anos à promessa de acabar com o Ato de Cuidados com a Saúde, o líder da maioria do Senado, Mitch McConnell (Partido Republicano, do Kentucky), afirmou: “É hora de seguir em frente”. Mas isso simplesmente não é uma opção para uma base conservadora energizada pela oposição à lei da saúde. Líderes do partido, ativistas e agentes políticos estão prevendo uma resposta da população aos legisladores republicanos se eles não voltarem a tentar derrubar a lei.
“Esta é uma falha épica para os republicanos”, disse Tim Phillips, presidente do Americans For Prosperity, o braço político da rede conservadora dos irmãos Koch. “A falha em cumprir sua promessa vai prejudicá-los. Com certeza.”
A União Conservadora Americana criticou os três senadores republicanos que bloquearam a revogação da lei. Um comitê de ação política apoiado por Trump não descartou a exibição de anúncios contra republicanos que não cooperaram, a exemplo do que ocorreu recentemente contra o senador Dean Heller (Partido Republicano, Nevada).
Há opções limitadas para punir diretamente os senadores renegados – John McCain, do Arizona, Lisa Murkowski, do Alasca, e Susan Collins, do Maine. Nenhum dos três concorrerá à reeleição. McCain, cujo voto contrário matou o projeto dos Republicanos, está em seu último mandato no cargo, tem câncer no cérebro e dificilmente será influenciado por ameaças eleitorais
“Se você olhar para distritos competitivos, distritos que mudam de um lado para o outro ou distritos onde os republicanos podem enfrentar desafios nas primárias, isso é algo que será uma questão eleitoral potente”, disse o pesquisador republicano Chris Wilson sobre a falha em repelir a lei de saúde. “Eu não acho que isso seja algo que os eleitores esquecerão.”
Uma pesquisa da CNN divulgada na semana passada apontou que 83% dos republicanos favorecem alguma forma de revogação, enquanto apenas 11% dos republicanos querem que o partido abandone o esforço de revogação. Entre todos os adultos, 52% dos eleitores favorecem algum tipo de revogação, com 34% favorecendo a revogação apenas se houver uma substituição. “A pressão política sobre algo assim é real”, disse o estrategista do Partido Republicano Mike Shields. “Eu não acho que isso acabou.”