Na representação entregue à Justiça, a PF relata que apreendeu pen drives na casa de Maruska com o que seria uma suposta planilha de pagamentos de propina. A ex-gestora, que foi solta nesta quarta (31), no entanto, não soube explicar por que a mídia foi encontrada em sua residência. Também foram identificados documentos suspeitos no carro da ex-gestora sobre a construção do estádio.
Já na casa de Nilson Martorelli, a PF diz ter achado uma “grande quantidade de dinheiro suspeito” dentro de um cofre. A cifra, que perfaz o total R$ 268.147,54, “a princípio, não condiz com a sua condição de ex-servidor público, desempregado há mais de dois anos”, de acordo com a autoridade policial. Além disso, foram encontradas planilhas com valores que totalizam R$ 500 mil, o que coincide com a possível propina cobrada por Martorelli para a realização de um dos aditivos da obra do Mané.
“Assim, considerando esses novos elementos probatórios encontrados nas residências de ambos os investigados, os quais exerceram relevantes cargos na Novacap no período da ocorrência dos supracitados delitos, é grande a probabilidade de que, na sede da referida empresa, existam outros elementos probatórios sobre a prática ilícita”, avaliou o juiz, ao deferir o mandado.
Os ex-presidentes da Terracap, Maruska Lima, e da Novacap, Nilson Martorelli, teriam recebido, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, R$ 500 mil cada um em propina durante a reforma da arena. Eles foram presos no dia 23 de maio com mais oito pessoas, entre elas, os ex-governadores José Roberto Arruda (PR), Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB).Maruska é apontada em delação como única signatária da pré-qualificação do Consórcio Brasília, formado pela empreiteira e a Via Engenharia.
Segundo relatos de Rodrigo Leite Vieira, ex-executivo da Andrade Gutierrez, na qualidade de dirigente da Novacap e depois presidente da Terracap, ela teria recebido valores ilícitos das duas empresas, incorrendo nos delitos de corrupção, fraude à licitação, associação ou organização criminosa e lavagem de dinheiro.Martorelli, segundo relatório da Polícia Federal, também foi alvo das confissões de Rodrigo Leite Vieira e teria recebido propina durante aditamentos contratuais da reforma do estádio, recebendo dinheiro de Alberto Noli, da Via Engenharia, e da Andrade Gutierrez. A defesa de ambos não foi localizada até a última atualização desta reportagem.As investigações revelam um sobrepreço de R$ 900 milhões nas obras do Mané. Orçada inicialmente em R$ 690 milhões, a reforma da arena acabou custando R$ 1,5 bilhão, o que fez com que o estádio se tornasse o mais caro entre os 12 que receberam os jogos da Copa do Mundo de 2014.