Justiça prorroga prisão temporária de Arruda, Agnelo e Filippelli

A Justiça Federal prorrogou, por mais cinco dias, a prisão temporária aplicada a dez suspeitos de organizar um esquema de corrupção ligado às obras do estádio Mané Garrincha, em Brasília. A lista inclui os ex-governadores do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR), além do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) e sete ex-gestores. Informações do G1.

Com isso, os dez suspeitos que foram detidos na última terça (23) devem permanecer na carceragem da Superintendência da Polícia Federal, no Setor Policial Sul, até a próxima sexta (2). O prazo inicial da prisão vencia neste sábado (27), mas foi prorrogado a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal, responsáveis pela operação Panathenaico.

“A necessidade não só da manutenção da prisão cautelar como também de sua prorrogação por mais 5 (cinco) dias se mostram agora imprescindível para a utilidade da investigação e sem ela poderá haver prejuízo na colheita da prova inclusive em relação a terceiros, que poderão ser alvos de novos pedidos”, diz o juiz da 10ª Vara Federal Vallisney de Souza Oliveira, na decisão.

Entenda a operação

  • A PF suspeita que a reforma do Mané Garrincha tenha sido superfaturada em R$ 900 milhões
  • Na terça, dois ex-governadores do DF e um ex-vice foram presos, suspeitos de receber propina do esquema
  • O ex-governador José Roberto Arruda é apontado como quem bolou a fraude à licitação
  • O ex-governador Agnelo Queiroz atuou “retirando obstáculos” às obras, segundo a Justiça
  • O ex-vice Tadeu Filippelli é suspeito de receber propina para o PMDB
  • A Justiça bloqueou R$ 26 milhões dos três

O estádio Mané Garrincha foi construído por um consórcio formado pela Andrade Gutierrez com a empresa local Via Engenharia. Segundo ex-executivos da Odebrecht, a contratação envolveu um “acordo de mercado” – a empreiteira apresentou proposta fraca na disputa pelo Mané e, em troca, conseguiu levar as obras da Arena Pernambuco, em Recife, por um preço maior.

A decisão emitida na terça pelo juiz da 10ª Vara Federal Vallisney de Souza Oliveira não explicita os valores que, segundo a investigação, teriam sido pagos em propina aos políticos e servidores públicos. Ao todo, a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 50 milhões em bens de dez citados, além de outros R$ 100 milhões do patrimônio da Via Engenharia.

Durante a prisão temporária, os suspeitos ficam detidos na própria superintendência da PF no DF, no Setor Policial Sul. Dentro dos próximos dias, a Justiça Federal também pode decretar a prisão preventiva dessas pessoas – neste caso, elas devem ser encaminhadas ao Complexo Penitenciário da Papuda.

 (Foto: Editoria de Arte/G1) (Foto: Editoria de Arte/G1)

(Foto: Editoria de Arte/G1)

 Operação

Dez mandados de prisão foram expedidos e cumpridos na terça. Além de Agnelo, Arruda e Filippelli, foram detidos ex-secretários desses governos, ex-diretores de empresas públicas envolvidas na licitação, o presidente da Via Engenharia e empresários citados como operadores (veja abaixo).

Equipes da Polícia Federal passaram nove horas na casa do ex-governador Agnelo, cumprindo mandados de busca e apreensão de documentos, computadores e outros tipos de indícios. Segundo a PF, US$ 150 mil e uma série de obras de arte de alto valor também foram apreendidos nesta terça – os titulares e os locais de apreensão não foram informados.

Veja quem são as dez pessoas presas nesta terça-feira:

  • Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte e governador do Distrito Federal entre 2011 e 2014
  • José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal entre 2007 e 2010. Foi preso preventivamente durante o mandato, por suposto envolvimento em suborno a jornalista e teve o mandato cassado por infidelidade partidária.
  • Nelson Tadeu Filippelli, ex-vice-governador na gestão Agnelo. Por oito meses, até esta terça, trabalhou como assessor especial do presidente Michel Temer. Após a prisão, ele foi exonerado do cargo.
  • Francisco Claudio Monteiro, ex-assessor de Agnelo. Durante o mandato do ex-governador, atuou como chefe de gabinete do Palácio do Buriti e Secretário Extraordinário da Copa 2014. Neste cargo, atuava diretamente na gestão do estádio
  • Nilson Martorelli, ex-presidente da Novacap. Responsável pela execução das obras públicas no DF, foi a empresa pública que assinou e monitorou todos os contratos com empreiteiras para a construção do estádio.
  • Maruska Lima Holanda, ex-diretora de Obras Especiais da Novacap. Funcionária de carreira da empresa desde 1998, ela coordenou a construção do Mané Garrincha como representante do governo.
  • Jorge Luiz Salomão, empresário do ramo de construção no DF. É citado pelo MPF como um dos “operadores ou representantes para arrecadar sistematicamente o dinheiro das construtoras”, no suposto esquema de propina.
  • Sérgio Lúcio Silva de Andrade, empresário do DF. É citado pelo MPF como um dos “operadores ou representantes para arrecadar sistematicamente o dinheiro das construtoras”, no suposto esquema de propina.
  • Fernando Márcio Queiroz, dono da Via Engenharia. A empresa do DF fazia parte do consórcio que construiu o Mané Garrincha, junto com a empreiteira Andrade Gutierrez.
  • Afrânio Roberto de Souza Filho, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal. Na ação do MPF, ele é citado como “operador financeiro” de Tadeu Filippelli, “conforme o acordo de leniência entre o MPF e a Andrade Gutierrez”.

 

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