O primeiro bimestre de 2017 foi o mais violento dos últimos cinco anos no Estado do Rio, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), ligado à Secretaria de Estado deSegurança do Rio. Depois de um ano em alta, apesar dos investimentos na área da segurança em decorrência da Olimpíada, a criminalidade segue descontrolada. Em janeiro e fevereiro passados, a chamada letalidade violenta, que abarca homicídio doloso, roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de ação policial, subiu 26,6%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Informações do Estadão.
Os casos mais dramáticos deste ano envolveram duas crianças. Um foi o da menina Sofia Braga, de2 anos, atingida quando brincava em um parquinho em Irajá, na zona norte, em janeiro. Outro foi o de Maria Eduarda Alves, de 13, baleada no último dia 30 no pátio da Escola Municipal Jornalista e Escritor Daniel Piza, em Acari. Nos dois casos, tratava-se de perseguição da polícia a bandidos
O ISP mostra que o número de mortos em operações policiais subiu 78% nos dois primeiros mesesdeste ano – de 102 para 182 -, em relação ao mesmo período de 2016. Os índices relativos à produtividade policial diminuíram. As prisões tiveram recuo de 33,2%; as apreensões de drogas,de 39,5%; e de armas, de 25,9%. Os dados são os mais recentes do instituto, vinculado ao governo do Rio.
O secretário de Segurança, Roberto Sá, não atendeu ao pedido de entrevista da reportagem. No fim do ano passado, ele reconheceu ao Estado que a crise financeira do Rio afeta o trabalho policial diretamente, uma vez que o atraso salarial desmotiva a tropa.
Paralisação. Os policiais têm tido prioridade no pagamento dos salários, mas ainda têm gratificações atrasadas a receber. Além disso, nem todas as faixas salariais receberam o 13.º salário de 2016. Pressionando pela regularização dos vencimentos, a Polícia Civil passou parte dejaneiro, fevereiro e março atendendo só a casos de crimes graves. A paralisação foi suspensa há uma semana O recrudescimento da violência é verificado também no aumento de mortes depoliciais militares.
“Essa crise faz com que o policial na ponta se sinta coisificado, com a vida banalizada. É o pior momento da segurança pública dos últimos anos”, afirmou o fundador da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa.