Após receber denúncias da participação de estudantes no desafio mortal ‘Baleia Azul’, o setor de inteligência da Polícia Militar da Paraíba iniciou um relatório com todas as informações colhidas nesta semana. A previsão é que o levantamento seja entregue ao Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) na próxima segunda-feira (17). Informações do jornal O Tempo.
Para o coordenador do Centro Integrado de Operações Policiais da Paraíba (Ciop), tenente-coronel Arnaldo Sobrinho, o risco provocado pelo jogo ultrapassa as divisas entre Estados.
“Identificamos que há participação neste jogo de pessoas de todas as parte do Brasil e do mundo. Aqui, na terça (12), uma aluna minha disse ter sido convidada para participar, mas viu que não se tratava de algo bom e saiu do grupo. Depois, recebemos informações de jovens que apareceram com os pulsos cortados e de alguns vistos nos telhados de algumas escolas da Paraíba”, revelou.
A princípio, como explicou o tenente, quando estes casos chegaram para a Polícia Militar eles não faziam muito sentido.
“Inicialmente, não sabíamos o porque esses jovens estavam tomando essas atitudes, mas depois de acompanharmos o caso do Mato Grosso do Sul, do Rio de Janeiro e agora de Minas Gerais, juntamos as informações com as denúncias recebidas aqui e vimos que há uma conexão e que este é um trabalho que deve ser feito nacionalmente”, explicou Sobrinho.
Para o tenente, este não é um caso de PM, mas como recebeu a denúncia realizou um trabalho inicial de colher as informações e fazer o levantamento. O próximo passo é entregar o material para os órgãos competentes que iram investigar o caso, punir os responsáveis e realizar o trabalho de prevenção.
“Fiz esse alerta no Facebook, mas, como se trata de adolescentes, é necessário uma intervenção de psicólogos e outros profissionais que tenham como objetivo auxiliar os adolescentes que estão nestes grupo, que são muito bem blindados”, explicou.
Relatório
Mesmo com as denúncias e os prints dos comandos dados pelos administradores do grupo aos participantes, a polícia disse que ainda não é possível identificar os responsáveis por enviar os comandos, já que não foi possível ainda ter acesso aos grupos de WhatsApp e Facebook.
“A identificação ficará a cargo da polícia responsável por investigar o caso em âmbito nacional, a Polícia Federal, e regional, a Polícia Civil”, lembrou sobrinho.
O Tempo tentou contato com a Polícia Federal, mas, por se tratar de feriado nacional, não conseguiu falar com a corporação. Na última quinta-feira, a PF afirmou que os casos deverão ser investigados pelas polícias estaduais.
Internacional
Depois de concluído, o relatório também será compartilhado com a Associação Internacional para Prevenção de Crimes Cibernéticos da qual o tenente coronel da Paraíba, Arnaldo Sobrinho, faz parte.
“Esse trabalho também deve ser feito internacional, uma vez que o jogo foi criado na Rússia, onde já foram registrados casos de homicídio, e está unindo pessoas por outras parte do mundo”, encerrou o tenente.
Imagens
Imagens de conversas do grupo “Baleia Azul” circulam pela internet e mostram que os participantes são instruídos a se mutilar.
Conforme os prints, o primeiro desafio é constituído por escrever com uma faca F57 na palma da mão. Ao longo das tarefas, os jogadores são orientados a usar ainda o mesmo objeto para realizar “no braço três cortes grandes, sobre uma veia”.
“Se você está pronto para ser uma baleia, escreva a palavra “sim” na perna. Se não estiver, corte-se muitas vezes, castigue-se”, diz uma instrução.
Para garantir que o jogador irá cumprir com o determinado, o administrador do grupo exigia que, após cada prova, fossem enviados fotos e vídeos das ações.
As imagens estão anexadas nos documentos da investigação da Polícia Militar (PM) da Paraíba e foram divulgadas como alerta pelo coronel Arnaldo Sobrinho.
Saiba mais
O jogo “Baleia Azul” começou na Rússia e consiste em incitar os participantes, geralmente em grupos secretos no Facebook, a completar 50 desafios, que conduzem lentamente à morte.
Ao entrar no grupo, o jogador recebe tarefas do administrador, que envia as mensagens normalmente às 4h20. No começo, as determinações são mais simples: desenhar uma baleia em uma folha, passar a noite em claro ouvindo música triste ou vendo filme de terror.
Depois, elas vão ficando mais perigosas: os participantes são ordenados a tatuar uma baleia no braço com uma faca ou uma lâmina de barbear.
O jovem que decidir deixar o jogo antes de concluir os 50 desafios é impedido pelo curador – administrador -, que ameaça os participantes. Essa intimidação ocorre da seguinte forma: o responsável pelo grupo mostra o endereço residencial do participante e de seus familiares e declara que se ele sair do grupo, todos serão mortos.