Em mais um dia de violência no Espírito Santo, o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Guarapari (Sintrovig), Wallace Barão, foi encontrado morto a tiros dentro do carro, na manhã desta quinta-feira. A informação foi confirmada ao EL PAÍS pelo presidente do sindicato da Grande Vitória, Edson Bastos. Com a notícia, o sindicato dos Rodoviários de Vitória determinou que todos os ônibus na região metropolitana voltassem aos terminais e informou que o serviço será paralisado por tempo indeterminado devido à falta de segurança.
Foi mais um desdobramento de uma crise que começou com o protesto de familiares que impedem a saída dos policiais militares dos batalhões desde a sexta-feira passada _os PMs não assumem que estão em greve pois lhes é proibido por lei. Em seis dias, mais de 100 pessoas já morreram no Estado de forma violenta.
A morte do líder sindical aumenta a tensão porque o crime ocorreu apesar da presença das Forças Armadas na capital, cujos agentes estão na cidade há dias. O assassinato aumenta a sensação de medo da população que não sai às ruas com tranquilidade e vive uma espécie de estado de sítio. “Essa é a segunda vez que o Executivo promete segurança para que os ônibus voltem às ruas e falha. As tropas do Exército apareceram nos terminais com duas horas de atraso”, disse Bastos, que disse que motoristas sofreram ameaças quando tentaram sair das garagens. Em outro episódio que mostra o clima no Espírito Santo, a sede da Rede Gazeta, afiliada da rede Globo, na Ilha de Monte Belo, em Vitória, foi atingida por quatro tiros na madrugada. Algumas vidraças quebraram, mas ninguém trabalhava no local na hora.
Ultimato da Polícia Civil e reunião com os PMs
Enquanto o impasse com a PMs parece sem solução no horizonte _havia uma reunião nesta quinta entre representantes dos familiares dos PMs e o Governo_, agora é a Polícia Civil que cogita deixar as ruas. Na tarde desta quinta, o Sindicato dos Policiais Civis do Estado decidiu dar um prazo de 14 dias para o Governo atender as reivindicações da categoria e, caso contrário, eles farão uma paralisação. Os policiais civis pedem recomposição salarial e nível superior para o cargo de agente de polícia. Os policiais também definiram que, por uma questão de segurança, as delegacias que funcionam com menos de quatro policiais serão fechadas e eles serão transferidos para delegacias regionais. O ultimato da Polícia Civil, que chegou a cruzar os braços por algumas horas na terça, tem potencial para agravar a crise.