Mariana Tokarnia – Agência Brasil
O MPL apresenta hoje (5) à Câmara Legislativa uma proposta para gerir o transporte no Distrito Federal. A ideia, em vez de aumentar cada vez mais as passagens, é progressivamente chegar à tarifa zero, para toda a população. Para isso, o movimento diz ser necessária uma reforma em todo o sistema de transporte. A administração, hoje feita por concessão ou permissões a empresas privadas com subsídio do governo, passaria a ser feita por empresa pública, criada para esse fim.
O financiamento viria da camada mais rica da população, por meio de aumento progressivo de impostos a empresas e grandes fortunas. Com a empresa pública, os funcionários ganhariam também maior estabilidade trabalhista. O movimento defende ainda a gestão popular, por meio de comitês regionais, nos quais a população diria o que deseja do transporte e o governo executaria. “O transporte não é objeto para lucrar, e sim, direito da população”, diz Maria Paiva Lins.
Aumento
O anúncio do aumento, feito por meio de decreto, causou mal-estar a deputados da Câmara Legislativa, contrários ao reajuste. A Câmara chegou a cogitar um projeto de decreto legislativo para derrubar os efeitos da medida do governador Rodrigo Rollemberg. O presidente da Câmara Legislativa do DF, deputado Joe Valle (PDT), anunciou na terça-feira (3) a convocação extraordinária dos deputados distritais para sessão no próximo dia 12 para debater o decreto que reajustou as passagens.
A Câmara também começa a discutir, com o corpo técnico e entidades sociais, os efeitos do aumento. Uma das reuniões ocorre hoje, com participação do MPL.
Revogação do aumento
Para o MPL, a situação só se resolve com uma mudança total do sistema de transporte público, como ele funciona e com a revogação do aumento. “E não [com] a revogação do aumento, como moeda de troca, proibindo e coibindo o passe livre estudantil ou dos idosos. É a manutenção do passe livre e ampliação das pessoas na tarifa zero”, explica Maria Lins.
Sobre uma das possibilidades cogitadas pelo governo para reduzir o aumento, que é restringir o passe livre estudantil em escolas particulares, de acordo com a renda, o MPL posiciona-se contra. “O estudante tem direito de ir para sua escola gratuitamente, somos população, temos direito de ir e vir, e este direito está sendo cobrado. Estão nos cobrando R$ 10 para ir e vir da nossa escola”, diz Bianca Campos, que integra o movimento.
Em relação às manitestações que ocorrem desde o anúncio do aumento, o MPL diz que não é “dono da revolta”. “A gente está desenvolvendo a luta pelo transporte como usuários de transporte público que somos, vários outros grupos e usuários também estão indignados”, diz Leila Saraiva, tanbém do MPL. Estão previstos novos atos hoje (5) em Taguatinga, e amanhã (6), em Ceilândia, Planaltina e São Sebastião.