Um dia após parecer contra cassação, Liliane volta à Câmara do DF

A deputada distrital Liliane Roriz (PTB) voltou ao plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta terça-feira (4), após licença não-remunerada que teve início em 17 de agosto. O retorno acontece um dia depois do corregedor da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Rafael Prudente (PMDB), recomendar o arquivamento do processo de cassação do mandato dela. O pedido de licença foi feito no mesmo dia em que Liliane renunciou ao posto de vice-presidente da Câmara. Na época, ela informou que a decisão havia sido tomada “por motivo de foro íntimo”. Informações do G1.
A ida da deputada à Câmara é a primeira desde o início da “Operação Drácon”, em que a Polícia Civil e o Ministério Público investigam suposto esquema de propina para liberar emenda parlamentar a fim de quitar dívidas do governo com empresas que prestam ser serviço de UTI.

Nesta terça, Liliane afirmou que não iria se pronunciar sobre a denúncia e que todas as informações sobre o caso foram fornecidas ao MP. No plenário, a deputada citou reportagens de diversos veículos de comunicação apontando problemas da saúde público do DF.

A deputada é a autora da denúncia. Segundo a deputada, a presidente da Câmara, Celina Leão (PPS), articulou o esquema de desvio de recursos. A primeira ação da Polícia Civil aconteceu em 23 de agosto. Na ocasião, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva (quando o investigado é levado a depor) na Câmara e em casas de parlamentares, servidores e ex-servidores.

Durante a operação, foram recolhidos documentos e computadores nos gabinetes dos membros agora afastados da Mesa Diretora Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS), Julio Cesar (PRB) e Bispo Renato Andrade (PR) e de Cristiano Araújo. Os parlamentares sempre negaram envolvimento em irregularidades.

O governador Rodrigo Rollemberg, a presidente da Câmara Legislativa, deputada distrital Celina Leão, a vice-presidente da Câmara Legislativa, deputada distrital Liliane Roriz, durante evento de homenagem ao ex-governador Joaquim Roriz em 2015 (Foto: Tony Winston/Agência Brasília)O governador Rodrigo Rollemberg, a presidente afastada da Câmara, deputada distrital Celina Leão, e Liliane Roriz, durante evento de homenagem ao ex-governador Joaquim Roriz em 2015 (Foto: Tony Winston/Agência Brasília)

Na noite anterior à operação policial, o Tribunal de Justiça do DF determinou o afastamento de toda a Mesa Diretora. A medida cautelar (ou seja, antes do julgamento do mérito) foi pedida pelo MP. A decisão é do desembargador Humberto Adjuto Ulhoa e vale até o fim das investigações.

Com o afastamento, o recém-eleito vice-presidente Juarezão (PSB) deve coordenar os trabalhos até o fim do ano. Suplentes dos secretários, os distritais Lira (PHS), Agaciel Maia (PR) e Rodrigo Delmasso (PTN) assumem as vagas pelo mesmo período.

Policiais civis deixam Câmara Legislativa com computadores e documentos apreendidos em gabinetes de parlamentares (Foto: Alexandre Bastos/G1)Policiais civis deixam Câmara do DF com
computadores e documentos
(Foto: Alexandre Bastos/G1)

A “Operação Drácon” teve início quase uma semana depois de a Polícia Civil apreender documentos e computadores no Palácio do Buriti, em uma investigação para apurar suspeitas de extorsão contra a presidente do sindicato dos servidores na Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues.

A corporação chegou a apreender novos documentos na Câmara, em gabinetes de membros afastados da Mesa Diretora, no dia 2 de setembro. A polícia também tentou acesso a filmagens e gravações de sessões plenárias da Casa de 2015, mas, segundo a assessoria da Câmara Legislativa, não havia material disponível.

Pedido de cassação
A ONG Adote um Distrital e o Observatório Social de Brasília entraram com uma representação na Câmara pedindo a cassação de Liliane Roriz. No documento, os grupos alegaram que havia três pontos que poderiam dar início ao processo de perda de mandato dela.

Um deles é sobre “falsidade na prestação de contas” e “corrupção eleitoral” por supostamente ter prometido cargos comissionados na Câmara Legislativa em caso de ser eleita, no pleito de 2010. Outro dizia respeito a dois empréstimos do Banco de Brasília (BRB), de R$ 6,7 milhões, supostamente facilitados por membros da família Roriz para empresários da construção civil em troca de 12 apartamentos em Águas Claras.

Acesso aos gabinetes dos deputados no 5º andar da Câmara Legislativa do DF, fechado nesta terça (23), quando a Polícia Civil realizou operação na Casa (Foto: Alexandre Bastos/G1)Acesso aos gabinetes dos deputados no 5º andar da Câmara Legislativa do DF, fechado durante a “Operação Drácon” (Foto: Alexandre Bastos/G1)

No parecer recomendando o arquivamento do processo de cassação, Prudente diz que a Justiça ainda pode reverter as condenações em primeira instância sobre pontos questionados, por isso opinou como consta no documento.

A assessoria da deputada distrital Liliane Roriz disse que ela “está confiante que sua defesa tenha conseguido mostrar aos seus colegas da Câmara Legislativa a sua inocência”.

No caso da suposta corrupção eleitoral, a deputada foi condenada pelo Tribunal Regional Eleitoral do DF, mas o caso ainda será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Prudente argumentou que o processo não pode correr na Câmara até que a Justiça decida definitivamente.

Deputados Dr. Michel (PP) e Liliane Roriz (PRTB) em sessão na Câmara Legislativa do DF (Foto: Carlos Gandra/CLDF/Reprodução)Liliane Roriz ao lado do então corregedor da
Câmara, Dr. Michel (Foto: Carlos Gandra/CLDF)

Sobre a facilitação de empréstimo em troca de imóveis, Liliane foi condenada pelo Tribunal de Justiça do DF por improbidade administrativa em julho do ano passado. O julgamento do recurso dela foi suspenso no último dia 17 de agosto, por falta de quórum.

O parecer de Prudente aponta que o caso já havia sido exposto em representação em 2015 e que a Procuradoria-Geral da Câmara havia recomendado pelo arquivamento. No documento expedido nesta segunda-feira, o atual corregedor diz que a condenação não é definitiva e pode ser revista em instâncias superiores.

O terceiro motivo apontado pelas ONGs é que a parlamentar havia forjado contratos e recibos de locação de veículos, com o intuito de receber o reembolso utilizando a verba indenizatória. O caso chegou ao então corregedor da Casa, Dr. Michel, em 2012, que recomendou pelo arquivamento.

O pedido de cassação de Liliane foi protocolado em maio, mas ficou parado na Procuradoria da Casa até agosto. O órgão deu prosseguimento ao processo depois que surgiram as denúncias sobre propina para liberação de emendas parlamentares.

O documento segue agora para a Comissão de Ética. Caso o colegiado decida por não acatar o parecer do corregedor, é aberto o processo de quebra de decoro parlamentar, que é levado à votação em plenário.

O presidente do colegiado, deputado Ricardo Vale, afirmou nesta segunda que iria encaminhar o documento aos membros do grupo e que deve chamar uma sessão extraordinária para o próximo dia 11, véspera de feriado.

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