Policiais civis atearam fogo a um caixão em frente à entrada do Palácio do Buriti na tarde desta quinta-feira (1º), durante manifestação para que o governo do Distrito Federal publique o pedido de exoneração dos servidores da corporação que ocupam cargo de chefia. Na semana passada, os policiais entregaram os cargos devido ao impasse nas negociações de reajuste à categoria.
O deputado federal Laerte Bessa (PR) esteve na assembleia e, ao discursar para a categoria, fez várias ofensas ao governador Rodrigo Rollemberg. Os dois se encontraram recentemente com o então presidente em exercício Michel Temer para discutir a situação econômica do DF.
Ao longo do protesto, os policiais chegaram a interromper o trânsito no Eixo Monumental no sentido rodoferroviáia e pularam uma grade que cercava a sede do governo para pôr o caixão na entrada do prédio. Apesar de a interdição ter demorado poucos minutos, os reflexos no trânsito continuavam até as 18h15.
Durante a assembleia, foi aprovada a manutenção da operação PCDF Legal até a próxima terça-feira (6) e paralisações relâmpagos até que o reajuste seja concedido. Os postos de identificação que não tenham, no mínimo, três papiloscopistas não irão funcionar. Os policiais também aprovaram que somente perícias agendadas serão feitas.
Um novo ato está programado para a próxima terça-feira, após a assembleia. Os policiais irão caminhar até o Congresso Nacional e fixarão cruzes representando os homicídios violentos que ocorreram durante o governo Rollemberg.
Nesta quarta-feira, o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol) recusou a nova proposta de reajuste do governo para a categoria e anunciou que vai ampliar a “operação-padrão”. A decisão foi informada pela entidade após reunião para discutir a questão salarial com o GDF e o Ministério Público do DF.
“A falta de avanços deve agravar ainda mais a ‘operação PCDF legal’ (operação-padrão) e outras ações”, afirmou o presidente do Sinpol, Rodrigo Franco. Na operação, os registros de ocorrências são feitos normalmente, mas as investigações e análises ficam prejudicadas com o procedimento.
O GDF chegou a oferecer 27% de reajuste aos policiais civis, sendo 7% em 2017, 10% em 2018 e mais 10% em 2019. Na proposição desta quarta, o GDF propôs aumento de 33%, escalonado entre 2018 e 2021 – 8% em 2018, 7% em 2019, 8% em 2020 e 10% em 2021. A proposta foi recusada pela categoria.
Rombo de R$ 1 bilhão
O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, disse ao G1 no dia 5 de agosto que o governo não tem dinheiro em caixa e que, para dar aumento aos policiais, terá que cortar em outras áreas. Segundo ele, o Buriti ainda precisa encontrar R$ 1 bilhão para fechar as contas de 2016.
“O que resta para o restante da cidade é insuficiente. A população precisa entender que, se formos conceder esse reajuste, o governo terá que tirar por meio de arrecadação de impostos ou cortando serviços, como medicamento dos hospitais, manutenção de equipamentos hospitalares”, declarou.
Dos R$ 32 bilhões que constam no orçamento do GDF para 2016, R$ 26,2 bilhões serão destinados à folha de pagamento, entre salários e benefícios e sem contar os terceirizados, que entram no cálculo de custeio. O valor corresponde a 85% do total do orçamento.
Como parâmetro, Sampaio cita que a Lei de Responsabilidade Fiscal “trava” o gasto com pessoal em 47% . “No DF, 81% de tudo que o que é arrecadado é pago com folha de pessoal. É uma situação de inviabilidade econômica do Estado. Não há mágica a se fazer nessas condições”, diz.
Sampaio também disse que o ponto dos policiais civis que aderirem às paralisações programadas pela categoria será cortado. Segundo ele, os policiais oferecem “serviços peculiares” e, por isso, não podem fazer greve. Informações do G1.