Gabriel Luiz – Do G1 DF

Na defesa dos deputados suspeitos de receber propina em contratos com serviços de UTI, o advogado Eduardo Toledo disse ao G1 nesta quinta-feira (25) ter considerado “absurdo” o pedido do Ministério Público do Distrito Federal de pedir a apreensão do passaporte dos distritais. A demanda foi negada pelo desembargador Humberto Adjuto Ulhoa.
“Eu nego a questão de propina, eu nego a questão de conta no exterior. Até porque sobre conta no exterior, a Lava Jato já tem demonstrado que ninguém esconde nada. Cabe ao Ministério Público provar essas alegações em vez de ficar falando isso para a imprensa”, afirmou o advogado dos distritais.
O processo contra os distritais corre em sigilo, inclusive para a defesa dos parlamentares. “Nós estamos na briga pelo acesso ao processo”, disse. Uma das estratégias que adiantou seria pedir a perícia dos áudios gravados por Liliane Roriz (PTB).
Em uma das gravações feitas por Liliane, a presidente da Câmara, Celina Leão (PPS), fala sobre mudança de finalidade de uma emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, o repasse acabou beneficiando pelo menos seis deputados.
São eles os membros da Mesa Diretora: a presidente Celina Leão, o primeiro-secretário, Raimundo Ribeiro (PPS), o segundo-secretário, Júlio César (PRB), e o terceiro-secretário Bispo Renato Andrade (PR). De acordo com as investigações, o esquema foi articulado por Cristiano Araújo (PSD), que nega ligação com irregularidades.
A Polícia Civil e o Ministério Público também apuram a participação do servidor da Câmara Alexandre Braga Cerqueira, do ex-servidor Valério Neves Campos e do ex-presidente do Fundo de Saúde do DF, Ricardo Cardoso. Todos negam irregularidade.
Entenda as denúncias
Em entrevista exclusiva à TV Globo, Liliane detalhou parte do suposto “acordo”. Segundo ela, a negociação tratava de uma “sobra orçamentária” de R$ 30 milhões, destinada originalmente à reforma de escolas e unidades de saúde.
No começo de dezembro, os distritais aprovaram uma mudança no texto, direcionando o aporte para pagar dívidas do Palácio do Buriti com prestadoras de serviço em UTIs. O esquema teria sido montado pelo distrital Cristiano Araújo. Pela denúncia, o acordo envolveria repasse aos deputados de 7% sobre o valor das emendas.
Celina negou irregularidades e disse que Liliane mentiu porque sente “inveja” dela. Ela também adiantou que vai encaminhar documentos ao Ministério Público para provar que não agiu de forma ilegal na destinação de recursos de emendas parlamentares.
“A acusação é falha porque a emenda é da deputada. A emenda é dela, da vice-presidente. Ela que propôs. Se existe ilegalidade, ela que remoque responder”, afirmou Celina. Segundo ela, o termo “projeto” se refere ao texto da emenda.
Liliane seria julgada pelo Tribunal de Justiça naquela quarta em um processo que poderia cassar a possibilidade de ela se reeleger. A audiência foi adiada por falta de quórum. “No dia do julgamento, ela tenta criar esse circo, colocando suspeição sobre os deputados. Se ela tinha percepcao de ilegalidade, por que ela propôs isso? Todo o trâmite tem que ser respondido por ela.”