Policiais civis do DF fazem carreata e 'entregam' veículos danificados

Do G1 DF 

Policiais civis do Distrito Federal fizeram uma carreata com cerca de 300 veículos supostamente danificados durante a tarde desta segunda-feira (22). O ato faz parte de uma “entrega” dos carros e da operação-padrão da categoria, em uma tentativa de mostrar as más condições dos automóveis. Entre os problemas alegados, estão falhas mecânicas, falhas elétricas e falta de peças.

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), 20% dos 1.470 carros da corporação estão com problemas e foram entregues. A direção-geral da Polícia Civil disse ter recebido 70 veículos e afirmou que a entrega “ocorre regularmente”. Segundo a corporação, os veículos são revisados a cada 10 mil quilômetros rodados, em uma oficina própria.

A carreata de protesto saiu do Tribunal de Contas do DF e seguiu pelo Eixo Monumental, em frente ao Buriti. Os carros pegaram o retorno e continuaram pelo Setor de Indústrias Gráficas até a Diretoria de Transportes da Polícia Civil, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

O ato desta segunda foi decidido em assembleia na última quinta (18). A reunião da categoria aconteceu em frente ao Palácio do Buriti e também causou problemas no trânsito da região. Os agentes pedem a equiparação de salários e benefícios com a Polícia Federal.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Rodrigo Franco, diz que os veículos entregues tinham peças quebradas, pneus carecas e problemas de manutenção, mas continuavam a ser usados pelos agentes por falta de opção.

Na última assembleia, os agentes também decidiram manter a operação-padrão iniciada em julho em todas as delegacias. Na prática, os registros de ocorrências serão feitos normalmente, mas as investigações e análises ficam prejudicadas com o procedimento.

Nós vamos fazer uma carreata depois entregar cerca de 500 carros da Polícia Civil que estão com problemas diversos para a manutenção. Nós não vamos trabalhar com esse tipo de veículo porque eles colocam em risco a nossa segurança.”
Rodrigo Franco, diretor do Sinpol-DF

Segundo Franco, 85% dos chefes de sessões deixaram os cargos desde o dia 11. O presidente do Sinpol ainda tenta convencer os outros funcionários com cargos de chefia a entregarem os postos.

Histórico
Na última quarta (3), policiais civis aprovaram em assembleia uma paralisação geral de 48 horas válida a partir das 8h do dia seguinte. O período incluiu a estreia de Brasília como subsede da Olimpíada Rio 2016. Segundo o sindicato, o movimento tinha adesão de delegados e agentes de investigação.

No mesmo dia (3), o GDF anunciou a retirada de uma proposta de reajuste salarial feita a policiais civis, que previa aumentos escalonados até 2018. Por conta da paralisação, agentes “abandonaram” na quinta (4) a segurança nos hotéis onde estavam hospedadas as seleções do Iraque, Dinamarca e África do Sul. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, eles foram substituídos por policiais militares. A segurança do hotel da Seleção Brasileira já era de responsabilidade da PM.

Policiais civis do Distrito Federal durante carreata nesta segunda-feira (22); o ato consistiu em entregar carros com defeitos para a Diretoria de Transportes da PC no SIA (Foto: Polícia Civil/Divulgação)Policiais civis do Distrito Federal durante carreata nesta segunda-feira (22); o ato consistiu em entregar carros com defeitos para a Diretoria de Transportes da PC no SIA (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

No dia de estreia da Olímpiada no DF, os policiais civis fizeram uma passeata para protestar por aumento salarial. O ato aconteceu a menos de 400 metros do estádio Mané Garrincha, dentro do perímetro de segurança da arena. A manifestação começou às 14h15, quando Iraque e Dinamarca abriam as disputas de futebol masculino na arena. Até as 15h30, meia hora antes do início de Brasil x Iraque, o ato era mantido no local e terminou às 16h10.

Na sexta (5), o chefe da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio, afirmou que o governo não negociaria salários e reajustes durante a paralisação. Ao G1, o político afirmou que, se a proposta do sindicato fosse acatada, o governo precisaria desembolsar R$ 450 milhões a mais por ano para honrar os salários.

Os policiais retomaram os postos de trabalho às 8h de sábado (6), após 48 horas de paralisação por melhores salários. Segundo a direção da Polícia Civil, a escolta das delegações internacionais que estavam em Brasília para a Olimpíada e o atendimento nas delegacias foram restabelecidos e aconteciam normalmente.

Policiais civis fazem ato em frente à Secretaria de Segurança Pública, no DF, após aprovar continuidade da operação-padrão (Foto: Pedro Borges/G1)Policiais civis fazem ato em frente à Secretaria de Segurança Pública, no DF, após aprovar continuidade da operação-padrão (Foto: Pedro Borges/G1)

Na segunda (8), a categoria fez nova assembleia e deu continuidade à operação-padrão, sem aprovar novas paralisações gerais. Durante caminhada, policiais gritaram palavras de ordem como “polícia unida jamais será vencida” e “faca na caveira, e nada na carteira” – bordão utilizado no filme “Tropa de Elite”. Apitos e rojões também foram usados no trajeto.

Após a assembleia, os policiais civis caminharam até o Palácio do Planalto, sede do governo do presidente em exercício Michel Temer. Três faixas do Eixo Monumental estavam isoladas para os policiais, que invadiram as outras três e bloquearam todo o trânsito no sentido rodoviária-Congresso.

Em 11 de agosto, os agentes decidiram manter a operação-padrão iniciada em julho até a última segunda (15). A data marcava a reunião de dirigentes sindicais com o governo, para discutir uma pauta de reivindicações que inclui equiparação de salários e benefícios com a Polícia Federal. Não houve acordo entre categoria e GDF.

No dia seguinte, Delegados formularam uma “carta de intenções” para entregar os cargos de chefia da corporação. A decisão foi tomada em resposta a declarações do governador Rodrigo Rollemberg, que disse não ter condições de conceder o reajuste salarial pedido pela categoria. Os policiais civis lutam por equiparação com a Polícia Federal. Ao todo, são 1070 postos comissionados ocupados por membros da corporação.

Gostou? Compartilhe!

Mais leitura
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore