Empresário diz ter negociado propina na Câmara do DF

 Em depoimento prestado ao Ministério Público, um empresário do Distrito Federal disse ter sido sondado por dois deputados da Câmara Legislativa para agilizar liberação de verbas para obras, em troca de propina. Segundo o presidente da Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco), Luiz Afonso Assad, o tema foi debatido em três reuniões.  Nos encontros, os deputados Bispo Renato Andrade (PR) e Julio Cesar (PRB) teriam colocado as emendas parlamentares “à disposição” para investimentos. O empresário diz ter sugerido a aplicação das verbas em obras de manutenção predial – reforma de escolas e unidades de saúde, por exemplo. 

Durante a negociação, segundo o empresário, os parlamentares disseram que precisariam de “uma ajuda” em troca, referindo-se ao pagamento de propina. Ao saber da condição, Assad disse ter recusado a oferta. Em notas à TV Globo, os deputados negaram participação em esquemas e disseram confiar nas investigações.

O depoimento de Assad também diz que, após a recusa em participar do esquema de propinas, o empresário foi informado que “ficaria difícil” destinar as verbas para as áreas sugeridas. Isso porque o governo e o deputado Cristiano Araújo (PSD) estariam pressionando os distritais a destinarem todas as emendas para a área de saúde.

O caso é acompanhado pelo defensor público André Soares, que orientou a deputada Liliane Roriz (PTB) a entregar ao MP os áudios gravados em conversas com colegas de Câmara Legislativa. Segundo ele, os deputados chegaram a prometer dinheiro para o próprio Assad, mas disseram que mandariam um “emissário” para continuar a conversa posteriormente.

“Os deputados saíram, visivelmente contrariados, mas disseram o seguinte: ‘Olha, está difícil, mas nós vamos tentar enviar algum dinheiro para as suas empresas e depois nós encaminharemos um emissário, para que possa receber alguma ajuda.’ Uma parte do dinheiro foi encaminhada para as empresas que são ligadas a esse empresário e, de fato, posteriormente, um emissário procurou o empresário buscando uma parte da propina. O empresário diz que não pagaria, como já havia relatado aos deputados”, diz Soares, com base no depoimento do presidente da Abrasco.

‘Prioridade’

O procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bessa, afirmou nesta sexta que a investigação sobre a suposta propina em emendas parlamentares é “prioridade”, independentemente de quem esteja envolvido. Além de Assad, outras testemunhas já foram ouvidas pelo Ministério Público.

“O MP não trabalha com nomes, trabalha com fatos. Seja lá quem estiver envolvido, se houver indícios de crime e materialidade, são elementos suficientes para instaurar o processo criminal. A investigação está sob sigilo, mas posso garantir que está na prioridade da Procuradoria-Geral e com oitiva de várias pessoas. Mais que isso, a gente não pode informar neste momento”, declarou Bessa. Informações do G1.

 

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