O governador Rodrigo Rollemberg determinou à Polícia Civil e à Controladoria-Geral do DF a abertura de investigação para apurar suposto esquema de propina na administração pública revelado em uma conversa do vice-governador, Renato Santana, com a presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues. Ele disse que também vai pedir investigação do Ministério Público. A gravação foi revelada pela revista “IstoÉ” nesta sexta-feira (15).
Em nota, a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, afirmou que “foi vítima de furto de conteúdo confidencial” de materiais que estavam no computador dela. O texto diz também que o suposto furto foi praticado por um ex-funcionário do sindicato que “tenta se promover de maneira ilegal, irresponsável e criminosa com o único objetivo de obter ganhos pessoais e profissionais.” A presidente afimou que todo material divulgado é verídico, mas que lamenta a divulgação sem autorização.
Em nota emitida neste sábado, o governador Rollemberg diz que “está solicitando ao vice-governador Renato Santana que oficialize os supostos casos de corrupção de que teria conhecimento, detalhando os nomes dos envolvidos e os respectivos contratos firmados com o governo de Brasília”.
A assessoria do governador disse que Rollembertg mandou apurar o caso, mas o nome citado na conversa como sendo de um servidor da Secretaria da Fazenda envolvido com o suposto esquema não faz parte do quadro de funcionários do GDF.
Ao G1, a assessoria de Santana diz que ele foi procurado por empresários há três meses que relataram a ele haver a cobrança de 10% dos valores dos contratos quando iam receber as faturas. A cobrança seria feita por servidores responsáveis pela liberação dos pagamentos.
Em outro trecho da nota, o vice-governador diz que “com relação aos relatos da presidente do SindSaúde, a dinâmica será semelhante [de denunciar irregularidades], desde que ela aponte os agentes objeto da denúncia trazida durante a gravação”.
Rollemberg anunciou que vai entrar com uma queixa-crime contra a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, “pelas palavras difamatórias com que ela se referiu a ele nas gravações publicadas pela imprensa”.
Investigação
Ao G1, o controlador-geral do DF Henrique Moraes Ziller afirmou que as denúncias foram feitas ao governador há três meses, mas que, por “falta de elementos mínimos”, não se instaurou processo à época. “A única informação concreta que havia era o nome do funcionário que seria da Secretaria de Fazenda. Ele não foi encontrado no quadro do órgão e não houve prosseguimento da investigação.” Por “elementos mínimos”, Ziller menciona, como exemplo, que são necessários contratos, valores concretos do recebimento de propina e nomes de servidores que supostamente estejam envolvidos com atividades ilícitas.
O controlador-geral explicou que, a partir da divulgação do caso, é possível que novos aspectos de supostos esquemas de corrupção surjam para os órgãos fiscalizadores. “O governador Rollemberg quer se liste informações mínimas que possam dar indícios a novas investigações. Na próxima segunda-feira (18) vamos retomar esses procedimentos.”
Questionado a respeito do tempo necessário para apuração, Henrique Ziller afirmou que o prosseguimento da investigação foi um pedido de urgência do GDF. “Obviamente que a apuração irá depender dos elementos que a gente dispuser. Mas o governador pediu que não passe de 30 dias e reafirmou que não compactua com o desvio de recursos públicos”, comentou.