Um forte sismo de magnitude 7,8 na escala Richter (dado do Serviço Geológico dos Estados Unidos) deixou pelo menos 77 mortos e 588 feridos no Equador, segundo informações preliminares do Governo, que decretou estado de exceção em todo o país. O vice-presidente, Jorge Glas, assumiu o controle da crise até o regresso do presidente Rafael Correa, que se encontrava no Vaticano, e anunciou que a cifra de vítimas irá aumentar conforme o passar das horas. O Governo equatoriano deu ordem de mobilização de pelo menos 14.000 integrantes da Força Pública, com base no estado de exceção decretado depois do terremoto.
“Ainda não pudemos chegar a Pedernales. A situação é muito complexa. As vias de acesso para chegar ali e dar assistência foram muito afetadas”, explicou Glas. “Sabemos que há cidadãos sob os escombros e que precisam ser resgatados. Empregamos todos os recursos e vamos receber ajuda internacional”, detalhou também o vice-presidente, pouco depois. Ele antecipou que estão sendo feitos todos os esforços para o restabelecimento da energia elétrica em Manabí. “Já há 38% em Esmeraldas”, afirmou.
“Os danos são graves e temos dezenas de mortos. É o terremoto mais forte das últimas décadas”, escreveu em sua conta do Twitter o presidente, que anunciou o regresso ao Equador neste domingo à tarde. O Governo informou que serão destinados 300 milhões de dólares para a emergência.
O terremoto foi registrado no sábado à tarde no noroeste do país, na província costeira de Esmeralda, fronteiriça com o sul da Colômbia. O tremor também foi sentido com força em Quito, capital do Equador. Ocorreu às 18h58 (hora local) e teve seu epicentro no oceano Pacífico, a uma profundidade de 20 quilômetros – e a 28 quilômetros da costa equatoriana e 173 de Quito. Houve réplicas durante toda a madrugada, chegando a alcançar uma intensidade de 6,1 graus.

Os maiores prejuízos foram registrados nas zonas de Pedernales e Cojimíes (província de Manabí), segundo o Instituto Geofísico do Equador. Relatos nas redes sociais indicam que há cidades mergulhadas na escuridão e afetadas pelos desmoronamentos. Há também danos em pontos distantes do epicentro, como Guayaquil, onde houve desabamentos em centros comerciais e logradouros. Além disso, o aeroporto da cidade foi fechado. Em Esmeraldas não há comunicações telefônicas. Rádios locais reportaram que durante o terremoto se escutou um estrondo na refinaria da cidade.
Em Quito houve grande comoção. Alguns bairros ficaram sem eletricidade. As pessoas residentes em edifícios altos saíram às ruas e algumas decidiram pernoitar fora de casa. O Instituto Oceanográfico da Marinha informou que não se registraram variações no nível do mar, mas, por precaução, recomendou a remoção da população das áreas costeiras para as zonas altas.
A fricção de duas placas tectônicas
Os comunicados do Instituto Geofísico indicam que o terremoto no Equador se produziu pelo choque entre a placa nazca e a placa sul-americana, que deslocou uma rugosidade (ruptura de falha), a qual liberou a energia ou pressão acumulada, em forma de onda sísmica. Em razão desse movimento, outras falhas começaram a ajustar-se e isso resultou em mais de uma centena de réplicas durante a madrugada deste domingo.
Manta, Portoviejo e Pedernales (província de Manabí) estão entre as mais afetadas. As vítimas citadas se encontram, sobretudo, nessas localidades costeiras. Manta, com 226.000 habitantes (16,5% da província), é o segundo porto marítimo do país e uma cidade em crescimento, com prédios residenciais à beira-mar que pouco a pouco vão substituindo as casas dos antigos pescadores. Portoviejo, por sua vez, é uma cidade da Costa Interna, na qual vivem 280.000 habitantes (20% de Manabí) e que se dedica principalmente ao comércio e negócios com veículos e motocicletas. Suas moradias são mais modestas, de apenas dois ou três andares.
A terceira cidade mais afetada, e onde as equipes de socorro ainda não haviam chegado, é Pedernales, de 55.000 habitantes (4% da província). Sua população se dedica a acolher o turismo voltado para suas praias. Há alguns hotéis na faixa costeira, mas também não são edifícios altos. Informações do El País.