Ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná se entrega à polícia

Do G1 PR, com informações da RPC 

Cláudio Marques da Silva era responsável pelo departamento de pessoal da Alep e está foragido (Foto: Reprodução/RPC)Cláudio Marques era responsável pelo setor de
pessoal da Alep (Foto: Reprodução/RPC)

O ex-diretor de Recursos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) Cláudio Marques, que estava foragido, se apresentou à Polícia Civil no fim da tarde desta segunda-feira (11). Ele se entregou no 5ª Distrito Policial de Curitiba, no Bacacheri, e deve ser transferido para um presídio na terça-feira (12).

Cláudio Marques foi condenado a quase 19 anos de prisão por formação de quadrilha, apropriação de dinheiro público e lavagem de dinheiro em um esquema de contratação de funcionários fantasmas na Alep.

A prisão de Marques havia sido decretada a partir do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que pessoas que tenham sido condenadas em pelo menos duas instâncias judiciais já devem começar a cumprir pena. A medida vale mesmo nos casos em que ainda cabe recurso.

Na quinta-feira (7), outro ex-diretor da Alep foi preso pelo mesmo entendimento. José Ary Nassiff, que atuava como diretor administrativo, também recebeu penas superiores a 18 anos em duas instâncias.

Diários secretos
As investigações de fraudes na Alep começaram após uma série de reportagens intitulada “Diários Secretos”, publicada pela RPC e pelo jornal Gazeta do Povo. Segundo as reportagens, o rombo nos cofres públicos chegou a mais de R$ 200 milhões.

As matérias mostraram que as nomeações de funcionários fantasmas percorriam, aparentemente, todos os trâmites normais dentro da Alep. Desde a indicação até a publicação das nomeações, tudo passava pelos diretores e pela Mesa Executiva da Casa, da qual o deputado Nelson Justus (DEM) era o presidente e Alexandre Curi (PMDB) o primeiro-secretário.

O problema estava na forma como essas nomeações eram feitas. Muitos dos funcionários jamais foram trabalhar na Assembleia. Germina Leal de Matos era uma dessas pessoas. Em nome dela, foram desviados cerca de R$ 3 milhões. Apesar de todo esse dinheiro, a mulher vivia com a família em situação precária. Ela emprestava os documentos em troca de R$ 150 mensais. Como ela, centenas de pessoas foram envolvidas no esquema e foram “contratadas” pela Alep, sem nunca terem pisado nos corredors do Legislativo do Paraná.

As nomeações eram publicadas em Diários Oficiais da Assembleia com circulação mínima, que nunca chegavam às mãos da população. “Se de repente  é obrigado você a publicar  uma coisa, mas não quer que os outros tenham acesso, então eles fazem dez [cópias]. Dez ficam para alguns, mão segura. Os outros não têm acesso. Daí, se um dia falar assim: ‘Não, foi publicado, não sei porque não receberam’”, contou um antigo funcionário da Alep sobre como funcionava o esquema.

A reportagem recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo e gerou várias mudanças também na estrutura da Assembleia Legislativa. Além da publicação dos atos nos Diários, a Casa conta atualmente com um portal da transparência, que aponta todos os gastos e atos tomados pela  administração do Legislativo.

Na página, os cidadãos também podem conferir os nomes e salários de todos os servidores que atuam na Casa e até as listas de presença dos deputados que participaram das sessões convocadas.

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