Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que a quadrilha cerca a sede da Protege, empresa de transporte de valores, que sofreu o mega-assalto na madrugada de segunda-feira (14), no bairro São Bernardo, em Campinas (SP).  Os criminosos estavam armados com fuzis e explosivos. Parte da empresa foi destruída na ação. As imagens foram divulgadas neste domingo pelo “Fantástico”, da TV Globo. Os vídeos mostram o comboio chegando ao local. Informações do G1.

Em uma câmera instalada no bairro aparece o comboio com dois caminhões e quatro carros de passeio. Uma outra câmera mostra o início da ação. Um carro para. Homens armados com fuzis descem, espalham ferros pelo chão para furar pneus de carros da polícia e começam a disparar para o alto. Os tiros seriam para destruir transformadores de energia elétrica e intimidar a polícia. Uma gravação de áudio mostra uma conversa entre policiais no momento do assalto.

Eles dizem que é preciso esperar a quadrilha gastar munição para depois ter início o cerco policial. “Deixa eles gastarem munição (…) Espera clarear o dia”, diz um policial no áudio que a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que o áudio é de uma conversa de policiais militares de outras regiões e que o procedimento foi correto. No local já estariam equipes da PM.

Na hora do assalto, parte da quadrilha fez bloqueios nas ruas no entorno e na Rodovia Anhanguera (SP-330), que passa ao lado da empresa.

Cobertura da base da Protege foi danificada pela explosão durante o assalto  (Foto: Reprodução / EPTV)

Já a outra parte do grupo entra na Protege. Eles derrubaram o portão de ferro e depois usaram explosivos para detonar o muro. Em seguida, mais três paredes foram destruídas dentro do imóvel até o acesso ao cofre. O valor levado seria de R$ 50 milhões, segundo apurou a EPTV. Nem a empresa e nem a Polícia Civil confirmaram o valor.

A empresa ficou parcialmente destruída. Na fuga, os criminosos queimaram dois caminhões para evitar que a PM tentasse prendê-los. Os caminhões eram parecidos com os que aparecem nas imagens.

Caminhão incendiado na alça de acesso para a Rodovia Anhanguera (Foto: Reprodução EPTV)

Os integrantes da quadrilha ainda atiraram na direção do Batalhão da Polícia Militar. O motivo seria pare evitar que o helicóptero Águia pudesse auxiliar na captura dos assaltantes.

Prisões
Dois suspeitos foram presos. No dia 15, foi detido um homem de 27 anos no bairro Campos Elíseos, em Campinas. Com ele, os policiais militares encontraram munições de fuzil 556 e uma chave de um automóvel. O modelo seria o mesmo de um usado no mega-assalto. Ele negou participação.

A segunda prisão ocorreu na quinta-feira (18) no bairro Parque Via Norte, também em Campinas. O suspeito de 35 anos estava em um barracão. Foram encontrados um caminhão baú, um carro modelo Santa Fé, um fuzil 556, ferros usados para furar pneus e um explosivo.
Na casa dele, foram apreendidos uma pistola 380, R$ 39,5 mil em dinheiro, drogas e material usado para refino de entorpecentes.  Segundo a Polícia Civil, o dinheiro seria da venda de drogas, já que as cédulas eram de baixo valor.

Fotos obtidas com exclusividade mostram o cofre arrombado, a destruição dentro do prédio e malotes de dinheiro que ficaram espalhados pelo chão da empresa. Veja a galeria de fotos da distruição aqui.

A sede da empresa teve a fachada praticamente destruída e o telhado foi danificado. A quadrilha usou dinamites e armas de grosso calibre na ação. Os vidros de uma empresa localizada em frente à Protege foram todos quebrados.

Vídeo mostra a quadrilha
Câmeras de monitoramento localizadas próximo à Protege registraram o momento em que um carro dos criminosos para na rua e o bando dispara tiros de fuzis a esmo. Antes da fuga, a quadrilha queimou dois caminhões em alças de acesso para a Rodovia Anhanguera (SP-330) para quem segue de Indaiatuba para Campinas. Segundo a polícia, a ação foi para impedir a perseguição.

Notas de dinheiro dos cofres da empresa ficaram
expladas pelo prédio (Foto: Arquivo pessoal)

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) analisa as imagens registradas pelas câmeras de segurança da Protege durante o assalto, em Campinas (SP). O vídeo e o depoimento de testumunhas podem ajudar na identificação dos criminosos.

A corporação não descarta a possibilidade de que o crime tenha sido praticado pela mesma quadrilha que invadiu a empresa há um ano. Para especialista em segurança, além de armas pesadas, grupo tinha preparo e informações privilegiadas.

Bala perdida invadiu quarto de criança
Morador e sua sobrinha, que estavam em um prédio vizinho à Protege, empresa de transporte de valores, quase foram atingidos por uma bala perdida. Os dois estavam no quarto e o tio ficou assustado ao ver a bala em cima da cama da criança.

Parecia um terremoto
Paulo Velasco, aposentado, de 59 anos contou que nunca tinha ouvido e visto tanto tiro. Ao falar de como se protegeu, se emocionou. “Eu e minha esposa ficamos embaixo da cama. Ela tremia como vara verde e entrou em estado de desespero. A gente só pensa em abraçar quem está perto e sair vivo”, disse o aposentado.

Paulo sentiu as explosões dentro da casa que fica aproximadamente uns 500 metros da sede da empresa de transporte de valores. “Foram quatro explosões muito fortes, a casa da gente tremia como se fosse um terremoto”, contou Paulo Velasco.

Vizinhos protestaram
Um grupo de moradores do São Bernardo fez um ato para pedir a saída da Protege do bairro. De acordo com os organizadores, o roubo gerou um clima de insegurança para os vizinhos. Além disso, essa não é a primeira vez que a companhia é assaltada. De acordo com os organizadores, cerca de 500 pessoas se reuniram na frente da empresa e bloquearam o acesso aos carros fortes.

Projéteis recolhidos no entorno da empresa Protege, em Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)