Centenas de jornalistas se manifestaram na noite desta segunda-feira em uma dezena de cidades sérvias, denunciando a “deterioração” da situação em termos de liberdade de imprensa e da pressão política que sofrem, segundo eles, por parte do principal partido no poder.
“Protestamos contra a maneira como as autoridades tratam os meios de comunicação”, declarou à AFP a jornalista local Antonela Riha, que participou de uma manifestação na sede do governo no centro de Belgrado.
Os jornalistas que tentam trabalhar profissionalmente estão expostos a “pressões políticas” e são “insultados, mal remunerados e, inclusive, demitidos”, afirmou.
“Nós, jornalistas, estamos expostos há tempos a todo tipo de pressão, e a situação se deteriora dia após dia”, disse Riha em um discurso diante seus colegas de profissão.
Na cidade de Pancevo (norte), os jornalistas locais foram “obrigados” a aderir ao Partido Sérvio do Progresso (SNS), do primeiro-ministro Aleksandar Vucic, sob pena de perder seus empregos.
O governo tentou acobertar a situação, mas os jornalistas pediram, em particular, a renúncia do ministro da Defesa Bratislav Gasic.
Recentemente, em declaração ambígua e machista à imprensa, Gasic afirmou: “gosto dessas jornalistas (mulheres) que se ajoelham tão facilmente”. No comentário, referia-se a uma profissional que se abaixou para não atrapalhar o trabalho dos cinegrafistas, que filmariam a entrevista com o ministro.
Gasic se desculpou, mas o chefe do governo disse que seria demitido.
Depois disso, o movimento dos comunicadores se autointitulou “Jornalistas, não se ajoelhem”.