Engenheiro alertou para risco de ruptura em barragem de Mariana

O engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila, responsável pelo projeto da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, alertou a mineradora Samarco sobre um princípio de ruptura na estrutura, um ano antes do rompimento. A constatação foi feita durante uma inspeção, em setembro de 2014, e revelada pelo engenheiro em depoimento à Polícia Federal (PF). A história foi revelada neste sábado pela “Folha de S. Paulo”.

— Identifiquei na inspeção que a barragem tinha sofrido um princípio de ruptura e que isso significava uma situação de risco que deveria ser mitigada. Indiquei três providências: redimensionar o reforço (na barragem), instalar piezômetros (instrumentos que medem a pressão da água) e, se indicassem pressão elevada, rebaixar o nível da água (bombeando-a para fora da barragem) — disse ao GLOBO, por telefone. — Relatei no depoimento (à PF) o resultado da inspeção em que identifiquei o risco e pus no relatório (enviado à Samarco).

No depoimento, em dezembro do ano passado, ele classificou a situação que verificou em 2014 como “severa” e disse que necessitava de providências maiores do que as que a “Samarco estava tomando”. Ao GLOBO, Ávila disse que não sabe dizer se a mineradora adotou as medidas recomendadas, porque não voltou à barragem.

Segundo o engenheiro, o princípio de ruptura foi verificado em um recuo da barragem que não fazia parte do projeto original. Ávila acompanhou a construção até 2012, quando sua empresa perdeu a concorrência realizada pela Samarco. Em 2014, foi novamente chamado, desta vez para fazer uma inspeção. O Ministério Público de Minas Gerais já anunciou que investiga possíveis alterações no projeto original que não tenham sido autorizadas pelos órgãos competentes.

— Pelo projeto original, a barragem tinha um eixo reto. Com o recuo, o eixo ficou curvo. O que sei dizer é que o que estava lá não era o meu projeto — afirmou Ávila.

A Samarco, empresa que pertence à Vale e à BHP Billiton, alega que a construção do recuo foi necessária em função de um “problema estrutural na galeria secundária da barragem”. Para Ávila, a versão “não é muito consistente”. A mineradora disse que ocorrências surgidas no processo de manutenção de barragens foram cumpridas em 2014. A Samarco sustenta que a barragem tinha piezômetros instalados em toda a extensão, inclusive no recuo. Ainda de acordo com a mineradora, os resultado mostrados pelos piezômetros estavam adequados.

Em dezembro, O GLOBO mostrou que laudos da VogBr, feitos nos últimos três anos, indicavam problemas como canaletas trincadas, falhas em canos de escoamento interno de água e no sistema de drenagem superficial da barragem. Informações de O Globo.

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