Além disso, foi acertado, com a mediação do Ministério Público, que as famílias receberiam R$ 10 mil para poder recomeçar a vida e mais R$ 10 mil como adiantamento da indenização. As famílias que perderam parentes receberão R$ 100 mil. No total, foram 19 vítimas, com 17 mortos e dois desaparecidos. O prazo estabelecido para que esse dinheiro chegue aos moradores é 31 de janeiro.
Outra preocupação dos moradores, segundo Cláudia, é quanto aos automóveis que foram levados pela lama. “Muita gente precisa dos carros para trabalhar”, explica. Os moradores estão preocupados com a quitação do IPVA, DPVAT e taxa de licenciamento, impostos que precisam ser pagos agora em janeiro. “Foi orientado que eles fizessem um boletim de ocorrência para que a promotoria ajuíze uma ação coletiva para evitar que eles tenham que pagar os impostos”, detalha.
Cláudia e a família ficaram pouco mais de um mês morando em um hotel até se mudarem para uma casa de três quartos. Ela mora junto com o pai, a mãe, uma irmã e o sobrinho. Na casa onde viviam, em Bento Rodrigues, eram quatro quartos, além de um charmoso espaço externo, com uma varanda repleta de plantas penduradas em arranjos feitos com pneus, local onde realizavam as confraternizações da família.
RECONSTRUÇÃO A próxima reunião da comissão de moradores será na terça-feira – quando se completam dois meses do rompimento da barragem. Cláudia relata que a Samarco contratou uma empresa especializada em reconstrução de comunidades e na apresentação foi destacado que os moradores precisam participar ativamente. “O ideal, segundo eles falaram, é dividir em grupos de trabalho, com participação dos moradores. Para escolher sobre a arquitetura, o terreno e as indenizações. A comunidade tem que ajudar, pois, se não colaborarmos, vamos ficar 10 a 15 anos esperando em Mariana”, afirma.
O desalento, porém, vence a esperança de Romeu Geraldo, de 39. No último dia do ano passado ele perdeu o emprego, pois o contrato que tinha para trabalhar como mecânico montando correias de transporte de minério em uma empresa terceirizada na área de mineração da Samarco foi rescindido. Romeu não vai mais receber o salário de R$ 1,6 mil ao mês e somará ao prejuízo a casa que foi perdida, além da sorveteria da família, em Paracatu de Baixo. “Era toda arrumada. Tinha dois freezers, máquina de fazer sorvete e batedeira industrial”, descreve o local, que, segundo Romeu, garantia a maior parte da renda da família.
A casa, a sorveteria e o emprego de Romeu ficaram no ano passado. A angústia do pai de dois filhos – um de 14 anos e uma de 11 – é imensa e, morando em uma casa alugada até não sabe quando, ele não consegue vislumbrar um futuro feliz. “Passam mil coisas na cabeça. Não sei o que vai acontecer. É difícil demais. Tinha tudo e agora não tenho nada. Estamos morando de favor, mas não sabemos até quando”, reclama. Informações do Estado de Minas.