O Globo demite funcionários e amplia a crise do jornalismo no Rio


Principal empregador de jornalistas no Rio de Janeiro, o Infoglobo, que congrega profissionais de O Globo, Extra, Expresso e outros 
veículos de comunicação do Grupo Globo, iniciou nesta segunda-feira um dos mais profundos cortes de postos de trabalho da imprensa carioca. Há seis meses, 160 profissionais de vários setores foram demitidos. Especula-se que este mês o número será ainda maior.

Em O Globo, principal impresso do grupo, ao menos 30 jornalistas foram demitidos. Inserido no corte, o editor executivo Pedro Doria usou a página que mantém no Facebook para explicar que deixa o cargo de chefia, onde atuava no dia a dia do veículo carioca, para seguir apenas como colunista de tecnologia da casa, atividade pela qual é um dos finalistas do Prêmio Comunique-se 2015. “A parte mais divertida”, escreveu sobre seu trabalho com a coluna, antes de reforçar que o passaralho representa “um dia muito duro na redação”.

Somando os outros dois impressos da empresa, Extra e Expresso, mais profissionais da redação foram demitidos. Em relação ao Extra, o corte acontece na semana posterior em que o diretor de redação, Octavio Guedes, deixou o posto de apresentador do ‘CBN Rio’ para se dedicar integralmente ao jornal. Na ocasião, o executivo afirmou que havia muito “projetos em curso” à frente do diário vendido nas bancas do Rio de Janeiro por R$ 1,25.

Até o momento, a direção da Infoglobo não se pronunciou oficialmente a respeito. Em contato com a reportagem do Portal Comunique-se, um jornalista de O Globo afirma que até o meio da tarde desta terça, o comando da empresa não explicou a situação nem para os próprios funcionários. Com colegas tendo as demissões confirmadas ao longo do dia, ele relata que o clima na redação é de velório. “Péssimo o clima, gente chorando. A redação está silenciosa”, lamenta.

100 demissões no começo do ano
As demissões desta semana não representam a primeira série de cortes nos jornais da Infoglobo em 2015. Em janeiro, O Globo demitiu mais de 100 funcionários. A redução da redação tinha, como agora, atingindo ao menos 30 jornalistas.

A onda de demissões nas empresas cariocas coincide com a crise no setor. O Dia, único diário a fazer frente aos jornais do Grupo Globo, agoniza e há notícias de que poderá encerrar definitivamente sua atividade. Há um mês demitiu dezenas de repórteres. Brasil Econômico, do mesmo grupo empresarial, encerrou sua atividade há um mês.

Com isso, o número de jornalistas demitidos só no Estado do Rio chega a mil profissionais no período de um ano. Recentemente houve cortes nos sites Terra, R7, Grupo Bandeirantes (onde até um jornalista, Maurício Vefer, em tratamento de câncer foi demitido) e na Agência Estado.

Entre os profissionais demitidos alguns que integram a nata do jornalismo do Rio, como Marceu Vieira, Pedro Dória e Luciana Fróes.

Com a crise na atividade profissional surge também um modelo de controle da atividade patronal poucas vezes vista. Há meses, após o Sindicato dos Jornalistas conquistar na Assembleia Legislativa o piso salarial da categoria – inexistente há 20 anos – um grupo de jornalistas da Rede Globo se mobilizou para atender a uma demanda patronal – a redução do piso em 30%. A questão foi parar na Justiça.

Ampliação da mídia alternativa, através da Internet, e a pluralidade dos recursos hoje destinados exclusivamente para as empresas das grandes corporações são medidas urgentes a serem adotadas para estimular o mercado. Desde o governo Lula a chamada velha mídia recebeu o equivalente a R$ 16 bi em recursos do governo a título de publicidade oficial (leia aqui)

 

O comunicado interno da Infoglobo sobre mudanças na estrutura

Leia abaixo o comunicado interno da Infoglobo assinado por Frederic Kachar, Diretor-geral.

Visando adequar a Infoglobo à realidade do mercado de mídia impressa, realizamos hoje uma significativa mudança em nossa estrutura.

A nova organizaçao irá aprimorar o modelo de gestao, deixando clara a divisao de papéis e responsabilidades entre as áreas e ajudando a criar uma estratégia que preserve a sustentabilidade e a essência do nosso negócio.

Três diretorias foram descontinuadas: Unidade O Globo, Unidade Populares e BI. As atividades relacionadas foram reorganizadas. Sandra Sanches e André Furlanetto, respectivamente diretores da Unidade Globo e BI, permanecem na empresa até o final do ano, me apoiando no processo de transiçao e na liderança de projetos estratégicos.

Maurício Lima assume a nova diretoria de Audiência, que será responsável pela nossa relaçao com os consumidores, envolvendo a conceituaçao e execuçao da estratégia de marketing e vendas, assim como conhecimento do leitor.

A diretoria de Mercado Anunciante segue sob o comando de Felipe Goron e se aprofunda em todo o processo de relacionamento com anunciantes, o que inclui desenvolvimento de novos projetos, marketing publicitário e comercializaçao das nossas propriedades.

As áreas de Tecnologia de Produto O Globo, Populares e Comercial se juntam para compor uma nova diretoria denominada Inovaçao Digital, cujo foco será o desenvolvimento de novos produtos e plataformas, assegurando que nosso conteúdo atinja toda a audiência potencial que temos. Oportunamente divulgaremos o novo diretor.

Além disso, com a reestruturaçao, os diretores de Redaçao de O Globo e Extra, Ascânio Seleme e Octávio Guedes, passam a se reportar diretamente a mim, e se concentram, fundamentalmente, na qualidade da produçao e curadoria dos nossos conteúdos e marcas nas diferentes plataformas.

Com a saída de Selma Fernandes, o RH, que antes era uma diretoria, passa a ser uma gerência-geral, liderada por Fernando Mattos, que se reporta a mim interinamente. A diretoria de Gestao e Serviços Impressos permanece inalterada.

Aos que deixaram a Infoglobo hoje, agradeço por toda contribuiçao ao desenvolvimento da nossa empresa e desejo sucesso em seus planos futuros.”


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