A nível europeu, a suposta política comum de asilo e imigração da União Europeia chegou ao seu limite. Enquanto políticos e a imprensa caracterizam este fluxo como uma “crise de imigração”, a grande maioria destas pessoas vem de países onde a população se tornou refugiada.
A Europa se orgulha de uma passado de proteção a refugiados – foi aqui que nasceu o regime moderno de refugiados após o Holocausto. Esta tradição está sob ameaça.
Países do continente precisam prover asilo, mas é preciso uma perspectiva global.
Somente uma pequena proporção dos 20 milhões de refugiados em todo o mundo vem à Europa: 95% estão em países vizinhos a conflitos e crises, a maioria em regiões em desenvolvimento.
Cerca de 3,5 milhões de sírios estão na Turquia, no Líbano e na Jordânia. Mais de 500 mil somalianos estão no Quênia. Mais de 2 milhões afegãos estão no Paquistão e no Irã.
É nestas regiões que uma parte importante da solução precisa ser encontrada.
As respostas típicas focam em prover assistência humanitária. Mas isto não é o bastante.
Bom para todos
Países que recebem refugiados como Líbano, Jordânia, Quênia e Tailândia estão lotados e, cada vez mais, fecham suas fronteiras. Refugiados várias vezes tornam-se dependentes, “estocados” em campos e sem o direito de trabalhar por muitos anos. Diante disso, muitos optam por seguir adiante.
O desafio real não é como impedir as pessoas de vir à Europa; é como criar modelos globais inovadores e sustentáveis de assistência a refugiados.
Uma opção seria olhar para os refugiados como uma questão de desenvolvimento e não apenas um problema humanitário.
Refugiados têm habilidades, talentos e aspirações. Uma abordagem voltada para o desenvolvimento na questão dos refugiados têm o potencial para fornecer oportunidades de ganhos a todos: refugiados, países anfitriões, e doadores – até que refugiados possam voltar a seus países.
Em nossa pesquisa recente em Uganda, mostramos como refugiados podem contribuir economicamente com os países que os hospedam. Ao contrário de muitos países na região, Uganda adotou a chamada “estratégia de autoconfiança”, dando a refugiados o direito de trabalhar e certa liberdade de movimento.
Em áreas urbanas e assentamentos, refugiados participam de diversas atividades empreendedoras.
Em Kampala, por exemplo, 21% dos refugiados comandam empresas que empregam outras pessoas. Muito longe de serem dependentes em ajuda, 96% das famílias de refugiados têm alguma fonte de renda independente. Isso mostra que, com as políticas certas, refugiados podem e irão se ajudar e contribuir com as sociedades que lhe receberam.
Historicamente, há exemplos de como a Europa apoiou políticas baseadas em desenvolvimento para atender refugiados. Um exemplo negligenciado vem da América Central onde, no final da Guerra Fria, centenas de milhares de pessoas