A zona do euro começou a enfrentar a possibilidade de um default grego. Uma situação que poderia se produzir, de acordo com fontes européias, se as discussões entre Atenas e seus credores não chegam aos dias que vêm e conduzem o país, em crise de liquidez, a não reembolsar o Fundo monetário internacional (FMI) no fim do mês.
«Nós devemos avaliar todas as possibilidades, mas eu espero que as autoridades gregas vão entender a situação», declarou à AFP Rimantas Sadzius, o ministro das finanças lituano, confirmando que essa hipótese havia sido colocada sobre a mesa. «Um default (grego) está em discussão », mas não é a mesma coisa que uma «Grexit», termo que designa uma saída da zona do euro, confirmou uma outra fonte européia.
A eventualidade foi discutida em uma outra reunião do Euro Working Group, a instância preparatória do grupo do Euro, que ocorre desde quinta-feira, 11 de junho em Bratislava, na Eslováquia. O governo grego está acuado para achar um acordo de hoje até a reunião da próxima quinta-feira, em Luxemburgo. Seus credores querem novas concessões de Atenas para injetar a ajuda financeira, em suspenso há meses.
« Representantes do primeiro ministro» grego, Alexis Tsipras, têm uma reunião no sábado de manhã em Bruxelas com representantes dos credores da Grécia para depositar «contra-proposições » em vista de um acordo sobre financiamento do país. Em um comunicado publicado na sexta-feira, o governo grego estima que as duas partes «estão mais perto que nunca de um acordo”.
O FMI havia anunciado na quinta-feira que seus negociadores presentes em Bruxelas, fartos com que Atenas não valide a proposta de acordo de seus locadores de fundos sobre a mesa há dez dias já, haviam tomado o avião de novo para Washington. E que eles não estavam prontos a ceder sobre as reformas das aposentadorias e da TVA, às quais Atenas se recusa.
Sobre o papel, o acordo parece portanto próximo. Os credores estão prontos a deixar a Atenas uma margem de manobra orçamentária mais importante, e lhe propõe um objetivo de superávit primário (superávit antes de pagar as dívidas) de apenas 1 %. É claro que restam divergências sobre a reforma das aposentadorias e a da TVA, mas os credores disseram a Alexis Tsipras nesses últimos dias que ele podia propor medidas alternativas, na condição de que ele respeite o objetivo de redução dos déficits.
No dia 30 de junho, a Grécia deve reembolsar 1,6 bilhões de empréstimos do FMI, e dúvidas subsistem sobre sua capacidade financeira de honrar esse prazo sem o desbloqueio de 7,2 bilhões de euros faltando injetar no quadro do segundo plano de ajuda ao país, em curso desde 2012. Esse plano expira também no fim do mês.
“O ideal seria que houvesse um acordo de hoje até a próxima quinta-feira. (…) Se os gregos trabalham neste fim de semana e enviarem uma proposta na segunda-feira, isso pode funcionar. Se eles enviam uma proposta na quarta-feira (…), será forçosamente muito mais complicado » para o Eurogrupo, comentou uma fonte européia.
Puxada para baixo pelo cenário de um default de pagamento, a Bolsa de Atenas caiu 6,06 % nesta sexta-feira meia hora antes do encerramento da sessão.