Investigação de dirigentes da Fifa envolve diferentes órgãos dos EUA

A procuradora-geral Loretta Lynch (o cargo equivale ao de ministra da Justiça) explicou que todos os 14 indiciados violaram as leis dos EUA. “Em vez de proteger a integridade do futebol, eles corromperam o negócio para enriquecer. Estamos determinados a acabar com essas práticas e levar os culpados à Justiça”, disse.

O processo foi apresentado na Procuradoria Federal de Nova York. Ele tem mais de 260 páginas. Os indiciados vão responder por corrupção, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Segundo a investigação, esquemas de pagamento de propina movimentaram centenas de milhões de dólares nos últimos 24 anos.

Entre os crimes investigados estão:
– a compra de votos para a escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo em 2010,
– a compra de votos na eleição para presidente da Fifa em 2011.
– superfaturamento do contrato da CBF com uma empresa de fornecimento de material esportivo em 1996. O relatório americano não cita o nome da empresa, mas, neste mesmo ano, a CBF assinou contrato com a Nike. A empresa declarou que repudia toda e qualquer forma de manipulação ou propina — e que seguirá cooperando com as autoridades.
– também é investigada a compra de direitos de transmissão por empresas de marketing esportivo dos seguintes campeonatos: Copa América Centenária, edições da Copa América, da Libertadores da América e do torneio Copa do Brasil, que reúne todo ano clubes de todos os estados brasileiros.

A Fifa, as confederações de futebol dos continentes e as federações de cada país ganham dinheiro comercializando os direitos de transmissão e divulgação dos eventos.

Segundo a investigação, empresas de marketing esportivo pagavam propina aos dirigentes de futebol. E, em troca, conseguiam os contratos. Depois, revendiam os direitos para as empresas de mídia de todo o mundo interessadas em transmitir as partidas e os campeonatos.

Sobre essas empresas de mídia não pesam acusações ou suspeitas. Uma grande parte do processo envolve o brasileiro José Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic.

No relatório, Jota Hawilla, como é conhecido, é identificado, entre os acusados, como “co-conspirador 2”. Investigado pelas autoridades americanas, ele se declarou culpado por crimes de corrupção e obstrução de Justiça em dezembro do ano passado.

Ele já está condenado no processo e concordou em entregar US$ 151 milhões à Justiça americana. Desse montante, já pagou US$ 25 milhões, segundo o governo americano.
J.Hawilla é dono da Traffic e acionista da TV Tem, uma das afiliadas da Rede Globo. O advogado do empresário diz que ele apoia as investigações e prestou os esclarecimentos devidos às autoridades americanas.

Só no começo
O chefe do FBI afirmou que a investigação está só no começo. Na manhã desta quarta, em Miami, a polícia vasculhou a sede da Concacaf, a Confederação de Futebol das Américas do Norte e Central e do Caribe, atrás de provas.

Segundo as autoridades, a pena para o crime mais grave pode chegar a 20 anos de prisão. Por enquanto, não há sinais de que os esquemas tenham influenciado resultados de jogos e de campeonatos.

“As vítimas”, disse o procurador Kelly Currie, “são o futebol, os fãs e as próprias organizações”. “A propina escoa o dinheiro que iria para os campos e bolas de futebol para as crianças”, afirmou.

O chefe da Receita Federal americana resumiu: “Esta é a Copa do Mundo da fraude. E a Fifa merece um cartão vermelho”.

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