Isabella Calzolari Do G1
A defesa da professora Cristiana Osório Cerqueira, presa após ser apontada pela Polícia Civil do Distrito Federal como mandante da morte do marido dela, o coronel do Exército Sérgio Murilo Cerqueira, afirmou ao G1 que ela toma remédio controlado para esquizofrenia e depressão desde o ano passado.
Segundo a advogada Julia Solange Oliveira, Cristiana iniciou tratamento com psiquiatra depois que começou a ter ansiedade, dificuldade em dormir e alucinações.
“Ela disse que tomava os remédios à noite e apagava”, afirmou Julia. “Ter problemas psiquiátricos torna ela não responsável se por ventura ela tivesse dado alguma sugestão para a irmã. Ela disse que ele era um bom pai, um bom marido e não tinha motivo para fazer isso.”
O G1 teve acesso a um relatório de 22 de janeiro deste ano feito pelo psiquiatra de Cristiana. No texto, o especialista diz que a paciente está em tratamento de depressão moderada e encontra-se em estado de “exaustão emocional” (veja abaixo).

De acordo com a advogada, Cristiana não pôde tomar os antipsicóticos no primeiro dia na penitenciária, o que a deixou “desequilibrada”. Ela foi levada para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal no último domingo (17).
“Quando fui à penitenciária ela estava mais desequilibrada ainda porque estava sem os remédios, depois foi atendida por uma psicóloga no presídio, levei as receitas, o relatório médico, entreguei no departamento médico e ela começou a tomar a medicação.”
Crime
A professora e o militar foram abordados por quatro criminosos na última sexta-feira (15) quando chegavam na casa de amigos na 208 Norte. O grupo abandonou Cristiana no local, mas seguiu com o militar até a zona rural de São Sebastião e o executou com um tiro na cabeça. Segundo a Polícia Civil, o casal estava em processo de separação.
Cristiana foi presa na noite de sábado (16) supeita de ser a mandante do crime. De acordo com os investigadores, a irmã dela confessou ter encomendado o assassinato. O diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, afirmou que a suspeita é de que Cristiana tenha ficado insatisfeita com a pensão alimentícia que receberia – R$ 2 mil – e planejou o crime, junto com a irmã, para receber a pensão por morte do militar, de R$ 10 mil. A hipótese de latrocínio foi descartada.
Agressão
A advogada falou que quando chegou na Delegacia de Repressão a Sequestro na noite de sábado para encontrar com Cristiana, a cliente estava em “estado deplorável”. “Ela tremia muito, chorava muito, estava como se estivesse sendo coagida. Quando a cumprimentei, entrou um policial e ela levou um susto e achei muito estranho, ela deu um sobressalto como se fosse de pavor.”
“Ela disse que pedia para ir ao banheiro e eles não deixavam, pedia para fumar porque estava ansiosa e eles também não deixavam. Eles falavam que ela ia perder a filha e que o Exército já estava com a filha dela.”
Em nota, a Polícia Civil afirmou que a alegação da defesa “é somente uma forma de desviar a atenção diante da gravidade do crime cometido pela autora e do forte conjunto probatório produzido pela Delegacia de Repressão a Sequestro durante as investigações, que culminaram na prisão em flagrante por homicídio qualificado das irmãs Osório”. A corporação disse ainda que todos os depoimentos foram presenciados por oficiais do Exército Brasileiro.
O corpo do tenente-coronel foi encontrado pela Polícia Militar às 3h de sábado (16) com um tiro na nuca no Núcleo Rural Aguilhada, em São Sebastião, a 26 km de distância do local da abordagem. Um major do Exército acompanhou a equipe e reconheceu a vítima. A Polícia Civil apreendeu no domingo a arma usada no crime, um revólver calibre 38.
A Polícia Civil estima que o coronel tivesse aproximadamente R$ 300 mil a receber do Fundo de Apoio à Moradia. O benefício é destinado servidores do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O valor toma como base o tempo de contribuição, de cerca de 20 anos, e a patente dele, de oficial superior.
As investigações da corporação apontam que a mulher dele pagou R$ 15 mil ao filho da ex-empregada da irmã para matar o marido e assim receber a quantia e pensão por viuvez, de R$ 10 mil.
Cristiana postou mensagens em uma rede social se dizendo de luto horas após o crime. Uma das publicações traz uma imagem com fundo preto e o texto “luto, saudades sem fim”. Na outra a viúva comunica a morte, agradece as ligações, mensagens e orações e pede desculpas por não poder responder. “Peço que orem por ele para que seja carinhosamente acolhido pelos braços do Pai maior”, escreveu.