Do G1 DF
Um ano após a substituição da frota de ônibus no Distrito Federal, usuários do transporte público estão sem melhorias que estavam previstas e que ainda não foram cumpridas. A integração entre as linhas, a construção de terminais e o aumento da frequência dos veículos são algumas das reivindicações dos passageiros.
Na licitação iniciada em 2011 e concluída após dois anos, o projeto dividiu o DF em cinco “bacias”. A ideia era que cada trecho fosse administrado por empresas diferentes e integrado em um grande sistema. De acordo com os usuários, esse processo não ocorreu e os passageiros pagam mais de uma passagem para percorrer diversos trechos.
“Tem só do Park Shopping para cá, para L2 aqui. Para a rodoviária eu não vejo nada de vantagem”, diz o carpinteiro Antônio de Brito. A servidora pública federal Maria Aparecida da Silva concorda. “Para quem anda de ônibus como eu, todos os dias, não existe.”
‘Colapso’
A substituição das empresas também causou redução na frota. O número total de coletivos passou de 3,5 mil para 2,5 mil. Na avaliação do novo governo, a diferença numérica contribuiu para a insatisfação dos passageiros.
Segundo o GDF, o quadro é tratado como um “colapso do sistema”. O repasse às empresas passou de R$ 10 milhões para R$ 40 milhões mensais. Sem previsão orçamentária, as faturas atrasam e as greves se repetem. Na terça (10), a Câmara Legislativa aprovou crédito de R$ 120 milhões para a Secretaria de Mobilidade, verba suficiente para três meses de repasse.
O secretário da pasta, Carlos Tomé, diz que o governo busca financiamentos para equacionar as dívidas, mas que não tem solução a curto prazo. “Muitas das obras que estão previstas são custeadas com recursos federais e internacionais. A busca de recursos externos continua sendo feita, e temos tido bastante sucesso.”

(Foto: Ozimpio Sousa/Divulgação)
Segundo Tomé, mesmo se o cronograma de obras for cumprido, as novas instalações vão levar de 2 a 4 anos para ficarem prontas. “O que precisamos fazer agora é melhorar o serviço porque transporte público coletivo é mais importante que obras. Nesse momento, é melhorar a qualidade do serviço, da operação.”
Expresso DF e terminais
Os oito terminais de ônibus previstos na licitação também não ficaram prontos. O ponto previsto para o final da Asa Norte nem começou a ser construído. O Expresso DF foi anunciado como obra para a Copa do Mundo com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e começou a funcionar em abril do ano passado. O tipo de transporte atua com catraca livre.
Segundo a Secretaria de Mobilidade, a cobrança deve começar até o fim de março. Com isso, o GDF espera reduzir o repasse de verbas à empresa Pioneira, hoje em R$ 4,5 milhões, para o patamar de R$ 3 milhões.
Os veículos das empresas que operam nas cinco bacias são equipados com GPS. Apesar disso, o equipamento não permite que o passageiro receba informações sobre horários e trajetos.
“Há um debate permanente entre operadores, governo e sociedade. A tecnologia possibilita melhorar a bilhetagem. A bilhetagem possibilita o bilhete único. O bilhete único possibilita a integração. A integração, a diminuição de viagens. São diversas ações que, de forma integrada, nos dão expectativa de curto e médio prazo de oferecer um serviço de melhor qualidade”, afirma o presidente da Associação das Empresas de Coletivo Urbano, Barbosa Neto.
Promessa de campanha do governador Rodrigo Rollemberg, o bilhete único ainda não tem prazo para implantação. O então candidato apresentou a ideia como contraponto à “tarifa Frejat”, proposta que previa passagem de ônibus a custo de R$ 1.