Lucas Nanini Do G1
O secretário de Mobilidade do Distrito Federal, Carlos Tomé, afirmou que o repasse de R$ 3,56 milhões feito na última quarta (4) à empresa de ônibus Pioneira é suficiente para pagar a folha salarial dos cerca de 1,5 mil rodoviários e que a greve de motoristas e cobradores deve ser resolvida entre a companhia e os empregados. A paralisação teve início na manhã desta sexta-feira (6) e afeta 200 mil passageiros de nove regiões.
“O transporte opera em um sistema de concessão. É uma greve de rodoviários, que são funcionários das empresas. É uma relação entre empregador e empregado. Nós fazemos o repasse na véspera ou dias antes do vencimento dos funcionários justamente para que a empresa pague a folha salarial”, disse o secretário.
A Pioneira confirmou que recebeu o repasse do governo, mas que o valor não foi suficiente para pagar funcionários e fornecedores. A empresa diz que já recorreu a empréstimos e vendeu bens para saldar a dívida, mas que ainda não conseguiu sanar as finanças. A empresa afirma que passa por crise por causa das dívidas com o GDF, relativas a 2014.
O Sindicato dos Rodoviários afirmou que a paralisação da Pioneira continua até que os funcionários recebam o pagamento de fevereiro, que deveria ter sido depositado nesta sexta (6). Pela manhã, o diretor de imprensa da entidade, João Jesus de Oliveira, disse passou a quinta-feira tentando negociar com as empresas.
“Já está virando uma moda isso de o pagamento não entrar no quinto dia útil do mês”, afirma. “As empresas dizem que dependem do repasse do DFTrans para quitar a folha e que aguardam os recursos.”
A greve desta sexta chegou a afetar 500 mil passageiros – quase 20% da população do DF, com a adesão de rodoviários da Marechal. No fim da manhã, os funcionários receberam os salários atrasados e voltaram a rodar em sete regiões.
Tomé disse que o repasse feito à Pioneira foi de R$ 3,564 milhões, que é superior ao depósito feito em fevereiro. “A princípio, a empresa usou o dinheiro para outra finalidade.”
A Pioneira possui 640 ônibus, que atendem moradores do Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico, Lago Sul, Candangolândia, Park Way Santa Maria, Gama e São Sebastião. Motoristas têm salário-base de R$ 1.928 e cobradores, de R$ 1.008. O valor do tíquete-alimentação para ambos é de R$ 417.
Sem plano
O diretor do DFTrans, Clóvis Barbará, disse que o órgão analisa como a greve vai se desenrolar, mas não deu um plano para que a população não seja prejudicada nesta sexta.
“Vamos fazer uma avaliação ao longo da tarde para ver o que faremos. Temos um plano de ação emergencial que permite trazer veículos de outras áreas. Vamos analisar as possibilidades e buscar outras soluções.”
O diretor afirma que a aplicação do plano de contingência exige recadastramento das frotas, emissão da ordem de serviço e outros detalhes operacionais, o que impede que o remanejamento da frota seja feito nesta sexta.
“Vamos trabalhar nos próximos dias. São 600, 700 ônibus. Nós fomos pegos de surpresa, pois o GDF fez o repasse para as empresas”, diz Barbará.
Marechal
O problema com a Marechal ocorreu porque o repasse do governo só caiu na conta da empresa no final do dia. A organização pagou os funcionários pela manhã. A entidade tem 464 veículos e atende Ceilândia, Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Gama, Samambaia e Recanto das Emas.
Bacias de transporte público
O sistema de transporte público do DF foi dividido em cinco bacias. A primeira delas é de responsabilidade da Viação Piracicabana e atende o Plano Piloto, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal.
A bacia 2 cabe à Piracicabana e atende Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e parte do Park Way. A bacia 3 atende Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e Riacho Fundo II.
A bacia 4 é de responsabilidade da Marechal e atende parte de Taguatinga, Ceilândia, Guará, Águas Claras e parte do Park Way. A bacia 5 é responsável por Brazlândia, Ceilândia, SIA, SCIA, Vicente Pires e parte de Taguatinga.