A Europa começa 2015 em meio a dois atentados nos dois primeiros meses do ano — ambos muitos similares nos alvos e na execução. Por conta disso, cresce o alerta contra o terror em todo o continente. Ao mesmo tempo, o temor do alastramento da islamofobia também preocupa a população muçulmana.
Enquanto, no começo de janeiro, a redação do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, foi quase dizimada a tiros por extremistas islâmicos, um centro cultural em Copenhague foi alvejado, no sábado, por dezenas de disparos por um jovem, de 22 anos, que matou um cineasta e feriu três policiais. O suspeito também seria um radical, de ascendência muçulmana. No local, realizava-se uma palestra com um cartunista sueco sobre liberdade de expressão. De volta à capital francesa, um supermercado kosher foi atacado por outro jihadista: quatro judeus foram mortos. Na dinamarquesa, uma sinagoga foi o alvo: um segurança judeu morreu com um tiro na cabeça.
Com a ameaça do terror rondando, a alta representante para a política exterior europeia, Federica Mogherini, viaja este mês para Washington. Ela comparecerá a uma reunião convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em busca de soluções contra o terrorismo. É grande também a preocupação com os milhares de europeus que viajaram, e continuam viajando, para campos de treinamento jihadistas no Oriente Médio.
— Quando alguém dispara sem piedade contra gente inocente que participa de um debate, ou contra a comunidade judaica, está atacando a nossa democracia — afirmou a primeira-ministra dinamarquesa, Hellen Thorning Schmidt, assegurando que o país faria “todo o necessário” para proteger a comunidade judaica.
Entretanto, o discurso assertivo da premier também provoca medo nos milhares de muçulmanos que vivem na Dinamarca, que temem o crescimento da islamofobia. Rola Ata, uma jordaniana que já vive há mais de 20 anos na Dinamarca, se disse horrorizada com a operação policial em um cibercafé no bairro de Norrebro, subúrbio da capital dinamarquesa, onde vivem muitos muçulmanos como ela. Segundo testemunhas, entre duas e quatro pessoas foram levadas algemadas, suspeitas de envolvimento com os atentados do fim de semana.
— É horrível. Aqui, todos convivemos sem problemas. Espero que siga sendo assim — pediu ela.