Do UOL/Globo
Às 16h20, o sequestrador saiu do hotel e foi colocado em um carro da polícia. Vinte minutos antes, ele e o refém apareceram algemados um ao outro e com os braços levantados na sacada de uma janela no 13º andar do hotel. O refém, que antes vestia um colete, estava sem a peça.
O sequestro começou por volta das 9h. O criminoso pedia a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti e a aplicação prática da Lei da Ficha Limpa como condições para soltar o refém, afirmou o chefe da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, o delegado Paulo Henrique Almeida.
O homem, que estava armado, é Jac Souza dos Santos, 30. Ele se candidatou ao cargo de vereador pelo PP (Partido Progressista) na cidade de Combinado (TO) em 2008. Jac tem uma fazenda avaliada em R$ 60 mil. Ele também foi secretário de Agricultura do município.
Três cartas de despedida foram deixadas por Jac Souza dos Santos em casa de parentes e em sua própria residência em Palmas. “O teor da carta é de despedida. Ele falou que essa tempestade vai passar e que ele vai dar cabo da vida dele”, relatou Almeida.
Algemado, o refém era José Ailton de Souza, 49, funcionário do hotel. Ele foi obrigado a vestir um colete que, segundo a polícia, estava carregado de explosivos.
Sequestro
Um funcionário do hotel Saint Peter, em Brasília, foi feito refém na manhã desta segunda-feira. A Polícia isolou o local. Cerca de 300 pessoas deixaram o prédio e a área foi isolada. O sequestrador apareceu com a vítima algemada e com um colete no 13º andar do prédio, localizado no Setor Hoteleiro Sul. O sequestrador está com uma pistola e tem levado o refém várias vezes até a sacada do hotel.
Ele faz exigência genéricas de carácter político, como a aplicação da Lei da Ficha Limpa nestas eleições e a extradição do italiano Cesare Battiti. De acordo com a Polícia Civil, deu o prazo até às 18h para que as exigências sejam cumpridas, caso contrário ele ameaça acionar o colete explosivo que foi colocado na vítima. Porém, a todo momento ele sinaliza que pode fazer isso antes.
— A gente tem quase certeza que são explosivos: 98% — disse o diretor de comunicação da Polícia Civil, delegado Paulo Henrique de Almeida.
Mais cedo, ele comentou:
— Se forem (explosivo) é de alto poder letal.
A negociação está sendo feita pela Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil. Segundo Almeida, o sequestrador é de Tocantins, ele trabalhava em uma campanha política, mas não tem cargo. Em Palmas, onde ele morava, a Polícia Civil encontrou três cartas deixadas pelo homem: uma própria residência, outra na casa da mãe e uma terceira na casa do tio. Em todas elas há mensagens de despedida, que segundo o delegado sinalizam que ele vai cometer suicídio.
Ainda de acordo com a polícia, nas cartas, o sequestrador fala que está desesperado e pede desculpa para a mãe e para os tios e diz que depois da tempestade vem a bonança.
Três negociadores estão em contato com o sequestrador. O contato começou por telefone, mas agora é feito por viva voz, já que eles estão próximos ao apartamento ocupado no 13º andar do hotel. Foi cortado o sinal de TV e o telefone do quarto.
Segundo o diretor, o sequestrador chegou nesta segunda-feira a Brasília, de carro, e deu entrada no hotel como hóspede por vota das 5h30. A informação é de que ele começou a criar tumulto a ponto de uma camareira ter alertado a gerência. Por causa disso, o chefe dos mensageiros foi verificar o que estava acontecendo e foi feito refém, por volta das 9h. Depois, ele passou a entrar também em outros apartamentos. Segundo relato de hospedes, ao ser perguntado se era um assalto, o sequestrador disse que era “ um ato terrorista”. O veículo em que ele estava já foi apreendido.
Por volta 13h, o sequestrador apareceu na sacada com o refém algemado, com a pistola na mão e jogou um pedaço de papel. Cerca de 100 policiais civis estão no local, além de a agentes da Polícia Federal, Abin e representantes do ministério da Justiça.
O hotel 120 funcionários, mas nem todos estavam no local. São 482 apartamentos. De acordo com informações do G1, um publicitário de Ribeirão Preto (SP) que está no DF a trabalho conta que foi abordado pelo homem às 8h40.
– Ele bateu na porta do meu quarto e mandou juntar todas as coisas e descer. Estava armado e com o mensageiro já algemado, cheio de bombas no corpo – disse.
Nas imagens do refém junto ao sequestrador é possível ver que o colete tem uma fileira de objetos claros e cilindrícos nas laterais.