Um casal de jovens gays foi expulso de um bar na praia do Gonzaga na cidade de Santos, litoral de São Paulo, no último dia 16. Após a denúncia e de o “Toca do Garga” confirmar em uma página do Facebook que “não quer saber de homem com homem, mulher com mulher e outras coisas do gênero”, os dois vão entrar com um processo administrativo contra o estabelecimento.
De acordo com a advogada do caso, Rosângela Novaes, os estudantes teriam ido pela primeira vez ao bar, acompanhados de um casal heterossexual. Ao chegar, trocaram um beijo no rosto e se abraçaram. “Eles fizeram uma manifestação de carinho. Depois disso, já vieram falar para eles que ‘alí não dava certo casal gay'”, afirma ela ao iGay.

Os garotos pediram para o dono do bar repetir a frase mais três vezes, por não acreditarem que estavam passando por aquela situação. Quando entenderam que estavam sendo expulsos, foram ao balcão cancelar o pedido feito na mesa, que o dono nem chegou a registrar. “Então eles foram embora, porque ficaram travados. Não conseguiram nem ter reação”, conta a advogada.
Inconformado com a situação dos amigos, o casal heterossexual postou uma mensagem de repúdio no Facebook. Em resposta, o estabelecimento teria escrito em sua página – que já foi desativada – que “A Toca foi, é e sempre será um bar para quem gosta de cerveja, comida pesada e futebol!! O clima pode tudo defendido pela Rede Globo de que cheirar pó é chique e que dar o c* é ser moderno, aqui não vira. Aqui é preto no branco. Tradicional e antiquado. Não queremos saber de homem com homem, mulher com mulher, e outras coisas do gênero. Cada um faz o que quer da vida, mas aqui não rola (…) Cada um no seu quadrado” (sic).
Com a repercussão do caso nas redes sociais, o estabelecimento teria deletado o post e escrito um pedido de desculpas, dizendo que “nunca tiveram a intenção de ofender ou magoar alguém” e que “respeitam e defendem a opção e orientação sexual de cada indivíduo”.
Ainda assim, segundo a advogada, que também é secretária da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os dois jovens já registraram um Boletim de Ocorrência e vão entrar com processo administrativo contra o bar pela lei estadual 10948/01, relativa à prática de discriminação em razão da orientação sexual. “Nós também vamos entrar com um processo criminal por injúria e pedir indenização na área civil”, diz Rosângela.
De acordo com ela, os dois jovens estão bastante abalados com o ocorrido e não querem se identificar por medo de sofrerem algum tipo de violência. (G1)