Mesmo abalados com a morte dos ocupantes de um jato particular que caiu em Santos, entre eles o presidenciável Eduardo Campos (PSB), os membros do LIDE BRASÍLIA receberam o deputado federal Luiz Pitiman (PSDB), candidato ao Governo do DF nas eleições de outubro. Ele foi o primeiro sabatinado pelo grupo de líderes empresariais do DF. Antes de suas palavras, o anfitrião do evento, o empresário Erickson Blun, do Hospital Brasília, comandou a oração “Pai Nosso” em homenagem aos mortos no acidente. Ao final do encontro, Blun também pediu que todos orassem a oração “Ave Maria” para os que fizeram a passagem na tragédia.
Após a apresentação feita pelo presidente do LIDE BRASÍLIA, Paulo Octavio, Luiz Pitiman traçou sua trajetória de executivo, empresário e candidato, em paralelo a um balanço da sua vida em Brasília e as perdas que a cidade teve nos últimos anos. O peessedebista focou parte de sua apresentação nas dificuldades encontradas pelo setor produtivo e desenhou um enxugamento da máquina administrativa regional. “A primeira coisa que precisamos é um choque de gestão. O DF não pode ser 17 vezes menor que São Paulo e ter 38 secretarias. Pior: temos encontrado nestas 38 secretarias uma máquina pública que desperdiça recursos e que não gera resultados para a população”, avaliou.
Pitiman também fez duras críticas às prioridades do governo atual, comparando a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha com as necessidades da comunidade do Sol Nascente, a maior do DF e uma das que mais cresce no País. “Quando um governante não sabe eleger as prioridades, nós teremos muitas dificuldades”, destacou, lembrando ainda que o DF sofre, atualmente, com uma fuga de investidores para estados vizinhos, especialmente Goiás.
Para mudar este quadro, Pitiman esquadrinhou o DF em quatro portas de entrada para investimentos. “Em Sobradinho, Planaltina e Paranoá há a vocação para o agronegócio, por sua posição de frente para a pecuária goiana e para o oeste da Bahia. Ali temos um polo de geração emprego e renda. Na segunda, em Santa Maria, no Pró-DF e Gama, com a nossa estrada de ferro abandonada e com o porto seco que não absorveu sua principal função, há uma vocação natural, que precisa apenas do investimento do Governo. A terceira, com Recanto das Emas e Samambaia, é voltada para o setor atacadista. E, por último, há a saída por Taguatinga, Brazlândia e Ceilândia, com um turismo ecológico fantástico e mão de obra disponível, que permitirá polos de geração de renda em atividades como a tecelagem e a calçadista, que absorveriam esses trabalhadores”, disse.
Ao responder a uma pergunta do empresário Siqueira Campos, que atua no segmento de importação e exportação, sobre a imensa burocracia no DF, Pitiman atacou duramente a Agefis (Agência de Fiscalização do Distrito Federal), que chamou de “elefante branco”, por atrapalhar governo e empresários. “Vou criar o Poupatempo Empresarial, nos mesmos moldes do Na Hora, para abertura e fechamento da empresa, concessão de licenças de meio ambiente e análise de projetos básicos, isso em cada uma das administrações regionais, para facilitar a vida de quem gera emprego e renda. Os empresários precisam ter tratamento diferenciado. Vamos reduzir a máquina e desburocratizar, construindo uma gestão pública de resultados, voltada para quem precisa dela. O governo que está aí cria dificuldades para vender facilidades”, atacou.
O candidato também foi duro com a questão da segurança no DF e afirmou que é preciso trazer indicadores usados no setor privado para a gestão pública. “É mais do que necessário estabelecer metas com análises trimestrais, em saúde, segurança e educação, para reconhecer o servidor com meritocracia, com recompensas humanas e financeiras, inclusive”, afirmou. Ele revelou que pretende construir um “hospital da mulher” e dividir parte do atendimento de saúde com organizações sociais, como ocorre em SP.
Perguntado por Ivonete Granjeiro, do Grupo Grancursos, sobre educação, Pitiman defendeu a modernização tecnológica, fugindo do padrão quadro-negro e giz, e a valorização do professor, pondo fim à insegurança, para reduzir licenças por estresse. Por fim, prometeu acabar com o “toma lá, dá cá” entre GDF e Câmara Legislativa, priorizando no governo o funcionamento da máquina e não as indicações políticas. E propôs um pacto de resgate da capital, para que a população não tenha mais do que se envergonhar.
Ao comentar a primeira sabatina com os candidatos, o presidente do LIDE BRASÍLIA, Paulo Octavio, se disse satisfeito com o alto nível das discussões. “O nosso objetivo foi plenamente cumprido. Vamos, agora, buscar encontros com os outros candidatos, para permitir o posicionamento correto do setor produtivo nas próximas eleições”, avaliou. PO também falou da morte de Eduardo Campos, que foi seu contemporâneo no Congresso. “É um momento triste para a vida pública e eu espero que a família dele, que sempre foi um político exemplar, encontre paz nesta hora de tanta dor”, concluiu.