Diário de Notícias, Lisboa
No fundo da lista de 187 países está a Níger, seguida pela República Democrática do Congo, a República Centro Africana, o Chade e e Serra Leoa. De uma maneira geral, este ranking relativo a 2013 não regista grandes alterações em relação ao ano anterior. Grande parte dos país europeus estão entre os 49 mais desenvolvidos – Alemanha, Dinamarca, Irlanda, Islândia, Reino Unido, Liechenstein, França, Áustria, Bélgica, Luxemburgo, Finlândia, Eslovénia, Itália, Espanha, República Checa, Grécia, Chipre, Estónia, Lituânia, Polónia, Andorra, Eslováquia, Malta (todos estes acima de Portugal), Hungria e Letónia. A Angola está na posição 149, Moçambique fica-se pelo 178º posto, o Brasil situa-se no lugar 79, pior do que a Federação Russa que está no lugar 57 mas melhor do que a Ucrânia que ficou em 83º lugar.
Apesar de todo o progresso, 2,2 mil milhões de pessoas vivem em ou perto daquilo a que se pode chamar “pobreza multidimensional”, isto significa que 15% da população mundial está bastante vulnerável. Ao mesmo tempo, perto de 80% da população global não está devidamente protegida por um sistema de assistência social. Cerca de 12% (842 milhões de pessoas) sofrem de fome crónica e quase metade dos trabalhadores (1,5 mil milhões) têm empregos informais ou precários. De acordo com a ONU, 1,2 mil milhões de pessoas vivem com menos 1,25 dólares por dia.
As conclusões são mistas. Segundo o relatório da ONU, os avanços na tecnologia, educação e rendimentos alimentam a promessa de vidas mais saudáveis, mais seguras, mais longas. Mas também há uma sensação geral de que há uma maior precariedade no mundo – nos meios de subsistência, na segurança pessoal, no ambiente, no ambiente político. Aquilo que até aqui foi alcançado ao nível da saúde ou da nutrição pode facilmente ser destruído por uma catástrofe natural ou por uma crise económica. Assim, se no relatório de 2013 tinha ficado claro que em mais de 40 países o Índice de Desenvolvimento Humano estava bastante acima daquilo que seria previsível em 1990, também é verdade que o ritmo de crescimento tem vindo a abrandar. A vulnerabilidade é hoje muito maior.
E as crianças são ainda mais vulneráveis do que os adultos. Nos países em desenvolvimento (onde vivem 92% das crianças de todo o mundo), mais do uma em cinco crianças vive em situação de pobreza e corre risco de malnutrição. 7% dessas crianças não irá viver mais do que cinco anos. 68% não terão acesso à educação na infância. 17% nunca frequentarão a escola primária. 25% vivem na pobreza. As condições sociais e económicas na infância vão ter reflexos, mais tarde, nas oportunidade de trabalho – a taxa de desemprego jovem a nível mundial situa-se nos 12,7% . O ciclo de exclusão social é difícil de quebrar, alerta a ONU.
A insegurança também tem a ver com o contexto político. Mais de 1,5 mil milhões de pessoas vivem em países afetados por conflitos armados – ou seja, um quinto da população mundial. Segundo a ONU, em 2012, cerca de 45 milhões de pessoas foram forçadas a deslocar-se devido a conflitos e a perseguições (o número mais elevados dos últimos 18 anos), dos quais mais de 15 milhões eram refugiados. Em certas regiões da África Central e Ocidental, os conflitos continuam a ser uma séria ameaça ao progresso, sublinha o relatório da ONU. Da mesma forma, em alguns países da América Latina e Caribe, apesar dos progressos alcançados no desenvolvimento, ainda se registam números intoleráveis de assassínios e outros crimes violentos.
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil. É usado para avaliar se o país é desenvolvido, em desenvolvimento ou subdesenvolvido, e para medir o impacto de políticas económicas na qualidade de vida. O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economista Mahbub ul Haq e Amartya Sen.