O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi detido e interrogado nesta terça-feira (1º) por suspeita de envolvimento em tráfico de influência. Apesar de derrotado nas eleições de 2012 e anunciado sua “saída definitiva” da política, até então Sarkozy ainda planejava concorrer à Presidência em 2017.
O ex-presidente e seu partido, o UMP, são acusados de se aproveitar da posição “privilegiada” para obter benefícios para terceiros. Esta é a primeira vez que a Justiça francesa prende um ex-chefe de Estado.
De acordo com a BBC, investigadores suspeitam, com base em escutas telefônicas, que uma rede de informantes na polícia e na própria Justiça da França tenha colocado Sarkozy a par do andamento de processos que o ameaçam.
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Foto: Reprodução |
Ele teria, ainda, prometido ajudar o juiz Gilbert Azibert, da Corte de Cassações, a obter um cargo prestigioso em Mônaco em troca de informações sobre processos que o envolvem.
O advogado do político, Thierry Herzog, Azibert e outro juiz da Corte de Cassação, Patrick Sassoust, foram detidos para interrogatório na segunda-feira (30) e permanecem presos.
Durante as investigações, que começaram em 2013, as suspeitas sobre o ex-presidente surgiram sobre um suposto financiamento dado à sua campanha presidencial em 2007 pelo ex-líder líbio Muamar Khadafi.
Em setembro do ano passado, a Justiça decidiu colocar dois telefones de Sarkozy sob escuta e passou a ouvir as conversas com seu advogado.
As escutas não teriam revelado nada relacionado a um financiamento líbio, no entanto descobriu-se que Herzog e Sarkozy estavam bem informados sobre atos processuais na Corte de Cassação e teriam apoio na Justiça para tentar intervir em uma decisão importante, relacionada à apreensão de antigas agendas do ex-presidente.
As suspeitas de contatos de Sarkozy e de seu advogado com juízes levaram a Justiça, em fevereiro deste ano, a abrir uma investigação por tráfico de influência e violação do sigilo da instrução processual.