O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou nesta terça-feira “um golpe de Estado” e “uma tomada de poder pelas armas” na Ucrânia, em um encontro com jornalistas em sua residência nos arredores de Moscou. Ele declarou que o único presidente legítimo do país é Viktor Yanukovych e não descartou o uso da força contra a Ucrânia como “último recurso”.
Putin disse que no momento não há necessidade de usar a força, mas que a Rússia se reserva o direito de fazê-lo em casos extremos para defender a população ucraniana e russa do Leste e do Sul. Em relação à região da Crimeia, no Sul da Ucrânia e de população majoritariamente russa, ele garantiu que não pretende anexar a península e não tem interesse em estimular sentimentos separatistas no território.
– Se tomarmos a decisão de usar as forças armadas na Ucrânia, seria completamente legítimo – sustentou.
O presidente negou que tropas russas tenham tomado a Crimeia, afirmando que “forças locais de autodefesa” foram responsáveis por ocuparem prédios oficiais. E advertiu que os países que consideram sanções contra a Rússia devem pensar primeiro nos danos se tais medidas forem impostas.
– Todas as ameaças contra a Rússia são contraproducentes e prejudicial – afirmou ele, acrescentando que a Rússia estava pronta para sediar o G8, mas se os líderes ocidentais não quiserem participar, “eles não precisam”.
Sobre as manobras militares realizadas na semana passada, ele assegurou que terminaram nesta segunda-feira e não tem nada a ver com a situação ucraniana.
– É algo que eu planejei muito antes – insistiu ele, que já havia afirmado que tem o direito de deslocar as tropas para proteger seus compatriotas na Ucrânia.
A Ucrânia, uma ex-república soviética, está sob tensão desde novembro, quando o presidente Viktor Yanukovytch desistiu de assinar um acordo de aproximação com a União Europeia por pressão da Rússia.