Golfinho amazônico a caminho da extinção


O Dia

  Um novo alerta sobre a matança dos golfinhos da Amazônia (Inia geoffrensis) foi feito esta semana. Por ano, na região do baixo Rio Purus, no Amazonas, são caçados entre 67 e 144 animais, quantidade bem superior ao limite teórico de mortalidade, estimado em cerca de 15. “Eles estão sendo usados como isca para a pesca da piracatinga”, ressalta a pesquisadora Sannie Brum, colaboradora da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e pesquisadora do Instituto Piagaçu (Ipi), que fez a análise junto a 35 comunidades pesqueiras no baixo Rio Purus.

O estudo confirmou a atividade pesqueira como a grande ameaça à conservação da espécie, também conhecida como boto-vermelho. O projeto tem o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Mortos, os animais têm a carne transformada em iscas para a captura da piracatinga, pescado de baixo valor comercial, mas alta produtividade, o que o torna importante fonte de renda para os pescadores locais.

Nas áreas pesquisadas, o volume de pesca da piracatinga é de ao menos 15 toneladas por ano, ritmo que ameaça a sobrevivência dos botos-vermelhos. “Apesar de os botos serem considerados pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie com ‘dados insuficientes’, devido à falta de informação sobre sua densidade, esse status pode mascarar a real situação das populações”, informa Sannie. Segundo ela, “se nada for feito, o boto-vermelho pode seguir o mesmo destino do baiji”, golfinho de água doce chinês extinto em 2007.

A pesquisadora explica que as características da espécie contribuem para sua vulnerabilidade. “Eles têm reprodução lenta. Após dez meses de gestação, a mãe cuida de seu filhote por até quatro anos, então a inserção de outro boto na natureza é demorada. Retirar animais assim da natureza, em grande quantidade, pode inviabilizar a manutenção da espécie”, alerta.

Os pesquisadores sugerem fiscalização mais efetiva, programas de educação ambiental e alternativas de manejo pesqueiro. “Além disso, é preciso fornecer outras opções aos pescadores, como iscas alternativas”, ressalta Sannie.

Falta pessoal para fazer fiscalização

A coordenadora adjunta do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Carla Marques, disse à Agência Brasil que não há pessoal suficiente para exercer fiscalização contínua na região. O ICMBio fiscaliza unidades de conservação e o Ibama, as áreas fora dessas unidades.

Carla informou que têm sido feitas campanhas pelo governo, com o Centro de Estudo e Pesquisa da Amazônia. O órgão do Ministério do Meio Ambiente sabe do uso do golfinho como isca, o que é ilegal, e articula ações para coibir a prática. “A gente tem feito algumas ações de fiscalização em conjunto com o Ibama, mas as ações são pontuais. A Amazônia é um mundo inteiro. A gente não consegue coibir tudo”. Algumas ações, disse ela, também ocorrem em parceria com a Polícia Federal e as polícias locais. “Mas são pontuais. A gente não consegue estar presente o tempo todo”, afirmou.

Mais de cem filhotes nascem em praia capixaba

Do litoral do Espírito Santo, as notícias são boas. Na semana que passou, nasceram mais cerca de 60 filhotes de tartaruga de couro (ou gigante), uma das espécies marinhas mais raras e ameaçadas de extinção, na Praia de Itaparica, em Vila Velha. O fenômeno é raro na Grande Vitória, segundo o Projeto Tamar. No fim de janeiro, outros 71 filhotes haviam nascido no local.

Equipe do Tamar observa tartaruga de couro adulta: casco pode chegar a dois metros de comprimento

Foto:  Divulgação

Os ovos eclodiram de ninhos nas areias e as tartaruguinhas foram soltas perto do mar, com auxílio da equipe do Tamar. Normalmente, esta espécie desova nas praias do Norte do Espírito Santo, em Regência e Povoação, mas desta vez surpreendeu, desovando em Vila Velha. Quando adultos, estes animais poderão chegar a pesar 700 quilos e ter casco de até dois metros. Mas de acordo com as estatísticas, somente 1% desses filhotes chegarão à idade adulta.

Em Regência e Conceição da Barra, no Norte do estado, onde a ocorrência da espécie é mais comum, 30 novas tartarugas apareceram para desovar nesta temporada. Em anos anteriores, o número não passou de 12. A temporada é entre setembro e março. Ao todo na orla capixaba foram registrados 1,8 mil ninhos em 2013. Na atual temporada, que acaba mês que vem, já há 2,5 mil.

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