O líder da oposição venezuelana e governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, acusou nesta sexta-feira o governo de querer atribuir a escassez de produtos básicos aos protestos registrados nos últimos dias no país ecriticou a militarização no estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia.
“Agora a escassez, como já começam a dizer alguns porta-vozes do governo, é culpa dos protestos”, disse Capriles em entrevista à emissora “Unión Radio”.
O ex-candidato presidencial afirmou que o governo de Nicolás Maduro está interessado em manter um “clima de confronto” na Venezuela, que se aguçou depois que uma passeata convocada por opositores e estudantes terminou em violência e deixou três mortos e dezenas de feridos.
“O governo está fazendo tudo o que está ao seu alcance para que um roteiro que já vimos antes se execute, que o governo saia fortalecido desta situação, dizer que este é um problema de um grupo fascista que quer incendiar o país e tentar tapar os grandes problemas que estamos vivendo”, criticou.
Capriles acrescentou que “Maduro está preocupado pelos vidros de um ônibus, e já as mortes que ocorreram neste país se esqueceram, se esqueceram que houve feridos, que houve violações de direitos humanos, que foram torturados estudantes”.

Foto: EFE
Maduro denunciou nesta quinta-feira que vários ônibus da capital foram supostamente atacados por integrantes das manifestações e disse que o fato não ficará impune.
O dirigente opositor pediu aos que protestam nas ruas para que não deixem que as manifestações sejam infiltradas por pessoas que querem violência. Além disso, recomendou reivindicações mais claras e não apenas a saída de Maduro do poder, ideia que vem repetindo nos últimos dias.
Capriles criticou ainda o fato do presidente ter decidido intervir militarmente em Táchira e “encobrir a situação difícil que atingiu” este estado no aspecto econômico com “tanques de guerra”.
O ministro do Interior, Miguel Rodríguez, anunciou nesta quinta-feira que a segurança será reforçada em Táchira, onde ocorreram violentos distúrbios nos últimos dias, para se ir “retomando paulatinamente” a ordem pública.
A Venezuela vive há vários dias uma onda de protestos que derivaram em enfrentamentos entre forças de segurança e grupos violentos, que protestam contra as políticas do governo, com um saldo de seis mortos e dezenas de feridos e detidos.
Maduro argumenta que os protestos contra o Executivo buscam desestabilizar o país e acusou os Estados Unidos de estarem por trás das manifestações.