
Do R7
Apesar do crescimento do número de mulheres em cargos eletivos, ainda não são fáceis os desafios enfrentados por elas para manter um mandato com voz altiva. No DF, a realidade não é diferente. As mulheres que ocupam lugar de destaque na política da capital falaram ao R7 DF e revelaram como fazem para trabalhar em um ambiente dominada por homens e mesmo assim manter a feminilidade.
A deputada distrital Celina Leão (PSD) ficou entre as três mulheres mais bonitas a pleitear um cargo eletivo em 2010, eleita em um concurso promovido por uma revista masculina. Bastou ela assumir o mandato, que logo sua personalidade forte passou a ser a tônica de sua legislatura.
Além do plenário, ela pratica futevôlei com frequência, cuida do corpo e sempre que arruma um tempinho cuida dos cabelos e da pele em casa mesmo. Apesar de toda essa preocupação com a aparência ela garante: “eu viro bicho no plenário se for preciso”.
— Dá pra ser feminina e vaidosa mesmo com nossa rotina corrida, mas quando é preciso viro bicho no plenário e perco toda a característica feminina. O pessoal aqui na Câmera até fala: não mexe com a Celina porque ela é brava. Mesmo com esse rótulo de deputada combativa, eu tento manter cuidar do meu corpo e da minha aparência como toda mulher.
Já a deputada Liliane Roriz (PRTB) não nega que é vaidosa e gosta de estar sempre vestida de acordo com a ocasião. “Não dá pra usar tênis no plenário da Câmera Legislativa”, considera a parlamentar que usa unhas postiças quando não tem tempo de ir a manicure.
Mesmo fazendo questão de reafirmar sua feminilidade, Liliane (foto), que mantém uma clínica de estética há oito anos, afirma que as vezes é preciso falar grosso para ser ouvida.
— Não tem jeito, você acaba tendo que mudar porque a gente lida com homens que naturalmente são mais rudes. Não pode passar uma imagem frágil na maneira de conversar, de se comunicar. Tem que ter liderança. Tem que ser firmeza. No plenário tem que bater a mão na mesa. Quem é muito delicado nem entra na política porque não vai dar certo.
A secretária da Mulher do DF, Olgamir Amância, diz que sempre foi vaidosa. Na verdade, sempre esteve “de bem com ela mesma”. E para isso frequenta o salão de beleza semanalmente e quando não pode se cuida em casa mesmo. Ela é doutora em Políticas Públicas e Gestão da Educação pela UnB (Universidade de Brasília), casada, mãe de dois filhos e tem duas netas.
Entre a rotina apertada, ela sempre reserva um tempo para cuidar da aparência e reafirmar a mulher não precisa mudar para ser ouvida. Apenas ser ela mesma.
— Os espaços historicamente masculinos não foram espaços concedidos, mas sim conquistados pelas mulheres. Então para cada avanço, nós enfrentamos inúmeras resistências. Então enquanto a sociedade nos enxergar com a lógica machista ainda haverá muita resistência. O exemplo disso é que somos a maioria do eleitorado e não temos a representatividade correspondente nos cargos políticos.
Ninguém melhor para falar da rotina de uma mulher em cargos públicos do que Ivelise Longhi (foto0. Ela ingressou no serviço público por meio de concurso, ocupou cargos importantes como a presidência da Codeplan, foi administradora de Brasília, assumiu várias secretarias de Estado, foi vice-governadora e hoje é presidente do Metrô-DF
Ivelise se considera vaidosa como toda mulher e está sempre atenta a aparência. Frequenta academia três vezes por semana, vai ao salão e acredita que ser bonita é ter boa saúde. Aos 58 anos, três filhos e netos, ela acha que a mulher sempre quer abraçar o mundo com as mãos.
— Eu momento algum eu tive que mudar meu jeito de ser para ser aceita nos cargos que ocupei. A liderança não está vinculada ao gênero. Tem que ter conhecimento e firmeza nas decisões. Mas já senti preconceito por ser mulher e fiz de conta que não estava vendo. Para estas situações minha resposta é o trabalho