– Dois dias depois de ter anunciado a redução do tributo cobrado a despesas no exterior em turismo, saques e pagamentos com cartão de crédito e débito de 35% para 20% (que pode ser descontado do Imposto de Renda, prévia autorização da Receita local), o ministro da Economia, Axel Kicillof, informou que esta medida não entrará em vigência na próxima segunda-feira, como informara o chefe de gabinete, Jorge Capitanich, na última sexta. O tributo só será rebaixado para a compra de dólares para poupar, que a Casa Rosada liberou semana passada. Nos demais casos, Kicillof não deu detalhes se a medida será, ou não, aplicada em algum momento.
Em entrevista ao jornal “Página 12”, o ministro, hoje um dos homens mais importantes do governo Cristina Kirchner, assegurou que “um dólar a 13 pesos (cotação alcançada pelo paralelo semana passada) teria um efeito devastador sobre a produção, o emprego e os salários”.
– Nós acreditamos que um dólar a 8 pesos (cotação atual do oficial) é um valor adequado – declarou o ministro argentino.
Kicillof explicou por que o governo recuou, em apenas 48 horas, na decisão de baixar a taxa cobrada para despesas no exterior:
– O turismo interno melhorou muito este ano e as pessoas que quiseram viajar para o exterior o fizeram. É gente de alto poder aquisitivo, que pode gastar dólares sem limites no exterior através de seu cartão de crédito.
A mudança acentuou as críticas de economistas locais, que asseguram que a equipe econômica argentina não tem um plano sério e está improvisando, sem saber realmente como resolver a crise cambial mais grave já enfrentada pelo kirchnerismo desde que chegou ao poder, em 2003.O ministro afirmou que “não faremos nada irresponsável, que coloque em perigo nosso projeto econômico”.
– Vamos implementar estas medidas com muita responsabilidade e faremos um monitoramento permanente. O sistema (de compra de dólares) será mais transparente. Ao ter uma regra de acesso mais clara, a ansiedade cultural (por comprar dólares) baixará – disse Kicillof.
Nesta segunda, o governo argentino dará detalhes sobre as novas medidas, que deveriam flexibilizar a operação de aquisição de dólares no mercado oficial, controlada pela Receita local. O objetivo da Casa Rosada é combater o mercado paralelo e impedir que a cotação continue disparando. O principal temor dos economistas é que a escalada da moeda americana afete a inflação, que chegou a 28,3% em 2013 e poderia alcançar 40% este ano.
*Correspondente