“A expulsão do sacerdócio é mais uma estratégia de defesa do que um modo de proteger as crianças”, acrescentou.
Para a SNAP, “as autoridades católicas tinham que ajudar a garantir que a justiça penal processasse os eclesiásticos que cometem abusos contra crianças”.
Na quinta-feira, o Comitê da ONU para os Direitos das Crianças pediu à Igreja Católica que atue fortemente contra os abusos sexuais dos quais menores de idade são vítimas, em um enorme escândalo em relação ao qual o papa Francisco, que substituiu Bento XVI este ano, expressou sua “vergonha”.
Pela primeira vez, os representantes do Vaticano responderam a perguntas relacionadas aos abusos cometidos contra menores de idade por religiosos católicos formuladas pelos especialistas desse comitê, que vai divulgar suas conclusões no dia 5 de fevereiro.
Durante mais de uma década, a Igreja Católica foi sacudida por uma avalanche de escândalos de abusos sexuais cometidos por religiosos contra crianças, que começou na Irlanda e se estendeu para Alemanha, Estados Unidos e vários países latino-americanos, como Brasil e México.
Os abusos foram acobertados pelos superiores dos acusados, que, em muitos casos, os transferiram para outras paróquias, em vez de denunciá-los à polícia.
“A Santa Sé se dá conta de que é necessário fazer algumas coisas de outro modo”, declarou durante esse encontro Charles Scicluna, ex-promotor do Vaticano para casos de abusos sexuais.
Em 2005, Bento XVI havia prometido afastar todos os que acobertassem abusos sexuais dentro da Igreja, mas não conseguiu.
Em dezembro, a Santa Sé se negou a responder a um questionário enviado em julho pelo comitê da ONU, sobre cerca de 4.000 investigações eclesiásticas atualmente analisadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, que não revela seus trabalhos.
Muitos bispos tendem a não colaborar com a justiça local, como exige o Papa, e muitas conferências episcopais não traçaram as linhas da luta contra a pedofilia.
A Igreja segue recebendo denúncias de abusos cometidos por padres, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80. (AFP)