Segundo a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Jeany seria uma cafetina que comandava um esquema de prostituição de luxo na capital federal.
A operação – denominada Red Light, em referência à conhecida zona de prostituição de Amsterdã (Holanda) – prendeu outras oito pessoas envolvidas, dentre elas um policial militar identificado como Alexandre Nunes dos Santos. Outro suspeito está foragido. Se condenada, Mary deve responder por tráfico interno de pessoas, rufianismo – quando se tira proveito da prostituição alheia – e associação criminosa.
As investigações ocorrem desde junho. Foram expedidos mandados de busca e apreensão a 24 carros de luxo usados pela organização criminosa. Os agentes encontram R$ 18 mil na casa de Vilma Aparecida Pessoa Nobre, que, segundo as investigações também comandava a prostituição de luxo. Algumas garotas de programa estão sob a proteção da Deam. Segundo as vítimas, muitas garotas foram ameaçadas de morte ao tentar sair do esquema.
De acordo com a Deam, Jeany Mary agenciava mulheres, homens e travestis em todo país. Ainda segundo a polícia, Mary trazia essas pessoas para trabalhar no Distrito Federal. As garotas de programa eram escolhidas criteriosamente. A preferência era por modelos; algumas posaram para capas de revistas famosas. Os programas poderiam custar até R$ 10 mil. Foram identificados três pontos de atuação: Asa Sul, Asa Norte e Guará.
Outros escândalos
A cafetina também foi citada pela CPI dos Correios como agenciadora de acompanhantes para eventos patrocinadas por políticos. Com ela, a Polícia Civil apreendeu hoje um farto material, como computadores e diversas agendas com nomes de possíveis contratantes dos serviços.
Segundo site Sobral Agora, Jeany Gomes da Silva nasceu no Crato, interior do Ceará. Passou a adolescência em Lavras da Mangabeira, terra natal do ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira, com quem chegou a dividir carteira na época do colégio.
Um incidente obrigou-a a deixar o Ceará: Jeany foi flagrada por uma tia no quarto com um rapaz, “merendando antes da hora”, como ela diz, e seus pais, católicos fervorosos, a expulsaram da cidade no mesmo dia. Ela, então, se mudou para o Rio. Lá, foi faxineira e rodomoça, mas por pouco tempo – queria mesmo era conhecer São Paulo.
A partir daí, ela conta a amigos a seguinte versão acerca da sua trajetória: ao chegar à capital paulista, foi apresentada por uma amiga ao circuito das feiras do Anhembi, o principal centro de convenções da cidade. Trabalhando como recepcionista, percebeu que os agenciadores que a contratavam cobravam caro pelo serviço e lhe repassavam pouco.
Passou a recrutar ela mesma as moças. Assim teve início a sua “empresa de eventos”. As meninas de Jeany, “as mais lindas do mercado”, como ela faz questão de ressaltar, começaram a atender empresários e políticos de Brasília. Sua entrada definitiva no circuito do poder se deu em 1990 – e em grande estilo.
Diversas de suas moças foram contratadas para a festa de posse de Fernando Collor, de quem Jeany se diz amiga. De Pedro Collor, o irmão do ex-presidente, morto em 1994, afirma não ter boas lembranças. “Depois do que aquele filho de rapariga fez com o Fernando, rompi relações com ele”, conta a amigos. Com informações do Correio Braziliense e agências.