
A capacidade do Irã cumprir sua parte nesses seis meses de acordo – o que inclui dar mais acesso a inspetores da ONU e reduzir o enriquecimento de urânio – vai depender muito da Guarda e de sua rede de interesses.
– A nação iraniana novamente exibu dignidade e grandeza – disse o presidente, num discurso transmitido pela televisão.
Rouhani continuou elogiando a “gloriosa” afirmação de que o Irã poderá continuar o enriquecimento de urânio sob o acordo – em níveis para alimentar solitário reator de produção de energia do Irã, mas bem abaixo do necessário para se aproximar de material físsil para armas atômicas. Cercado de cientistas nucleares, como no teatro de seu antecessor Mahmoud Ahmadinejad, ele terminou o pronunciamento tentando enaltecer a honra doméstica que permitiu o acordo.
Alívio de sanções é atraente
Embora moderado, Rouhani também é atraente para os interesses práticos da Guarda, cuja influência se traduz em dinheiro. A Guarda tem participação em algumas das mais bem-sucedidas fontes de renda do Irã, incluindo projetos de importação e exportação e investimentos imobiliários. Seus líderes provavelmente reconhecem que o alívio das sanções impostas pelo Ocidente, no fim das contas, joga a seu favor.
O que pode ser o ponto mais difícil de persuasão está fora do acordo. A Guarda Revolucionária deve ficar confiante de que o documento não é um prelúdio para aberturas diplomáticas mais amplas junto a Washington, capazes de minar sua posição e alcance, o que incluiu a ajuda ao grupo xiita Hezbollah no Líbano e as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad .
Um veterano comentarista de assuntos iranianos , Ehsan Ahrari , disse que a “natureza esquizofrênica” da liderança do Irã – um lado exaltando o acordo e o outro desconfiado – se destaca como o maior coringa no acordo de Genebra.
O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima, tem a palavra final em todas as questões-chave e, no momento, está alinhado a Rouhani nas negociações nucleares e na conversa paralela com os EUA depois de mais de três décadas de rompimento diplomático. O acordo nuclear também parece ter amplo apoio público como uma mudança que reduz o isolamento internacional do Irã e, talvez, abra caminho para reversões de sanções – se a fase inicial de seis meses avançar conforme o planejado.
– É uma grande vitória para as políticas de moderação no Irã. Isso irá impulsionar os moderados – disse Sadeq Zibakalam, um proeminente analista político baseado em Teerã.
Mas existem outros centros de poder capazes de moldar a política. A Guarda Revolucionária é o padrinho de todos eles. Seus comandantes pode abrir as portas ao mais alto nível e ajudar a moldar as opiniões até mesmo de Khamenei.
Campanha contra nas ruas de Teerã
No início deste mês, grupos com apoio aparente da Guarda ergueram enormes banners por Tehran ridicularizando as negociações nucleares como uma armadilha potencial para o país. Os negociadores americanos foram retratados como agentes duplos, vestindo terno e gravata sobre um uniforme militar camuflado por baixo. Os outdoors também enviaram uma mensagem secundária a Khamenei, que tomara a medida sem precedentes de instruir a Guarda Revolucionária a ficar de fora das iniciativas internacionais do Irã com o Ocidente.
Desde o acordo de Genebra, os mais altos comandantes da Guarda têm mantido o silêncio em público. Mas, um general, Mohsen Kazemeini, foi citado pela agência de notícias Isna. Ele teria chamado o entendimento como “uma questão de felicidade”, já que o Irã pôde manter seu enriquecimento de urânio – num comentário que indicaria que a Guarda poderia estar apoiando a iniciativa, pelo menos nesta primeira etapa de seis meses.