Da redação/247
No começo da semana, o ex-governador José Roberto Arruda teria comentado com aliados que ainda estava pensando em qual partido iria se filiar, pois tinha oferta de vários. Só que era uma meia verdade, pois Arruda já havia acertado com o PR, sendo que conversou com várias vezes com o deputado federal mensaleiro Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado no pelo STF a 7 anos e 10 meses de prisão e multa de R$ 1,1 milhão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Tanto que hoje o diretório regional do Partido da República, em Brasília, recebeu a filiação de José Roberto Arruda. Ao contrário de outras filiações em diferentes partidos, a adesão do ex-governador não terá cerimônia oficial. É o que muitos estão chamando de retorno envergonhado à política.
De um lado, muitos dizem que a filiação de Arruda a um partido da base do governo de Agnelo Queiroz (PT) sinaliza para uma estratégia muito maior. Há quem diga que o ex-governador ficará em silêncio, mas trabalhará pela reeleição da aliança PT-PMDB.
Nenhum dos lados confirma a versão, mas o que se diz é que Arruda não deixará Joaquim Roriz e seu inimigo Luiz Estevão de Oliveira levarem a melhor na próxima eleição. Para atender ao ego do ex-governador, a vitória de Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli é algo imprescindível.
Só que também existe outras versões em relação ao ex-governador José Roberto Arruda. Isto porque nas primeiras pesquisas, feitas por institutos como o Ibope, Arruda tem sido apontado como um dos favoritos não só para as eleições da Câmara ou do Senado, mas também para o próprio Palácio do Buriti, onde seria o mais cotado para enfrentar o atual governador Agnelo Queiroz (PT), num eventual segundo turno. Com números que oscilam entre 20% e 30%, Arruda vem sendo pressionado por aliados a tentar novamente o GDF, mas essa seria uma estratégia de risco.
Fontes ligadas ao PT garantem que Arruda seria o adversário dos sonhos de Agnelo – assim como saltaria de uma boa plataforma de largada, também teria um teto alto, em razão dos escândalos em que esteve envolvido.
Traumatizado com a prisão, Arruda tem dito a interlocutores que não irá “passar o carro na frente dos bois”. Segundo essas mesmas fontes, não haveria sequer a definição sobre disputar ou não um cargo público em 2014.
Seu trabalho, nas últimas semanas, estaria focado apenas na organização de uma ampla frente de oposição, em conjunto com o também ex-governador Joaquim Roriz, com quem estaria conversando regularmente. Nesse esforço, aliados estariam sendo distribuídos por vários partidos. É o caso, por exemplo, da deputada Eliana Pedrosa, que foi para o PPS, e do deputado Luiz Pitiman, que se filiou ao PSDB. O ex-vice-governador Paulo Octavio está no PP. Desse grupo, sairá um candidato que enfrentará a coligação liderada pelo governador Agnelo Queiroz, do PT, e pelo vice Tadeu Filipelli, do PMDB. Agora filiado, Arruda é apenas uma das opções.
Caixa de Pandora – Alvo da Operação Caixa de Pandora e primeiro governador preso no exercício do mandato na história do País, tendo ficado atrás das grades entre 11 de fevereiro e 12 de abril de 2010, Arruda tentará, novamente, ressuscitar. Em 2001, ele já havia renunciado ao mandato de senador, quando eclodiu o escândalo da violação do painel eletrônico do Congresso.
Eleito governador do Distrito Federal em 2006, ele não conseguiu terminar seu mandato, depois que um vídeo, em que aparecia recebendo R$ 50 mil do ex-secretário Durval Barbosa, deflagrou o chamado “mensalão do DEM”.
Arruda foi preso, perdeu o mandato e a denúncia contra ele foi apresentada três anos depois. Depois disso, foi desmembrada e remetida novamente à primeira instância – o que significa que, até 2014, mesmo que seja condenado, dificilmente haverá tempo para que ele seja considerado um político “ficha suja”. Além disso, recentemente, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou as contas do ex-governador, o que abriu caminho para uma eventual volta à política.