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Três dos 20 presos pela Polícia Federal em Brasília na última quinta-feira foram ouvidos ontem à tarde em audiência a portas fechadas no Fórum de Taguatinga. Mas os motivos, originalmente, não estão totalmente relacionados às operações Elementar e Miquéias. Os delegados Paulo César Barongeno e Sandra Maria da Silveira e o doleiro Fayed Antoine Trabousli também são réus em processo que corre sob segredo de Justiça na 1ª Vara Criminal de Taguatinga.
Detidos em março deste ano durante a Operação Infiltrados, uma ação conjunta da Polícia Civil do DF e do Ministério Público do DF e dos Territórios (MPDFT), os três são acusados de interferir em uma investigação que tinha como alvo justamente o doleiro, que teria ligação próxima com os dois policiais. O trio foi solto dias depois.
Esse processo tramita desde 5 de março pela 1ª Vara Criminal, responsável pela prisão dos acusados. A origem do caso foi a denúncia de um agente da Polícia Civil, que procurou o MPDFT para dizer que estava sendo ameaçado pelos dois delegados. O policial era um dos integrantes do inquérito que apurava um esquema de lavagem de dinheiro encabeçado por Fayed por meio de uma conta bancária do Ceilândia Esporte Clube. Barongeno, Sandra e o doleiro foram presos em 8 de março.
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Entre os veículos usados pelos suspeitos, há também uma Ferrari preta |
A audiência de ontem era de instrução. Além dos três envolvidos, foram ouvidas três testemunhas. A juíza Gilsara Cardoso Barbosa Furtado presidiu a sessão. O delegado Barongeno, solto ainda na noite de quinta por força de um habeas corpus, entrou pela porta da frente do fórum e saiu pela dos fundos. Já Sandra e Fayed, ainda presos e à disposição da Polícia Federal, chegaram e saíram pelos fundos.
Nervosismo
O doleiro compareceu com o uniforme branco do Centro de Internamento e Reeducação (CIR), uma das unidades do Complexo Penitenciário da Papuda. Já a delegada compareceu em trajes convencionais. A informação é de que ela está recolhida a uma unidade da Polícia Militar do DF. A transferência de Sandra da prisão até o fórum foi feita pela Divisão de Investigação da Polícia Civil. O delegado-chefe da Corregedoria, Márcio Araújo Salgado, acompanhou os depoimentos e preferiu não fornecer detalhes.
O único fato que fugiu do controle durante a audiência foi a reação da delegada Sandra Silveira, que, nervosa, chorou e passou mal. Ela recebeu atendimento no local. Interpelada pela juíza Gilsara sobre as relações de proximidade com Fayed, como a suspeita de que ele tivesse dado dinheiro para ajudá-la a comprar uma Toyota Hilux, a policial alegou que os R$ 50 mil repassados pelo doleiro faziam parte de um empréstimo, mais tarde pago em dinheiro.
A história sobre a compra do carro, inclusive, faz parte das conversas interceptadas pela PF com autorização judicial como parte dos inquéritos das operações Elementar e Miquéias. A delegada liga para agradecer a ajuda de Fayed e chega a marcar um almoço para que ele conheça o novo “carro lindo”. “Você acha que sou uma pessoa ingrata. Não sou não”, diz ela, em trecho da gravação.
Apoio moral
Enquanto a audiência transcorria a portas fechadas no Tribunal do Júri de Taguatinga, meia dúzia de policiais civis aguardavam do lado de fora. Eles passaram as mais de seis horas dos depoimentos, das 14h às 18h30, sentados e conversando. Volta e meia iam até o balcão da polícia judiciária e tentavam buscar alguma informação sobre o que se passava dentro da sala. Explicaram que estavam ali para oferecer apoio moral a Barongeno, chamado pelos colegas de PC, e a Sandra. “Tudo isso não passa de perseguição”, disse um dos agentes.
No processo relacionado com a Operação Infiltrados, Paulo César Barongeno responde por dois crimes, sendo um de coação no curso do processo e outro de violação de sigilo funcional. Sandra Silveira é acusada de coação e por desacatar servidor público no exercício da função. Fayed aparece como suspeito de ter contribuído com a ocorrências dos delitos supostamente praticados pelos delegados. Informações do Correio Braziliense.