A área em litígio que levou esta semana à exoneração da superintendente do Patrimônio da União (SPU) no Distrito Federal, a ex-deputada distrital Lúcia Carvalho (PT-DF), é pública e pertence à Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap). A informação é do presidente da estatal, Carlos Alberto Lins. Ele explicou que o processo de doação do terreno à União para futura regularização está suspenso desde o ano passado até que as suspeitas a respeito na negociação sejam totalmente solucionadas.
A Polícia Federal investiga um suposto esquema envolvendo servidores públicos da SPU e da Terracap, que teria sido montado para fraudar a documentação do terreno de 344 hectares, localizado em área de grande valorização — entre Vicente Pires e o Parque Nacional de Brasília (confira Onde fica). A intenção, segundo a PF, seria favorecer uma incorporadora imobiliária paulista.
O relatório da delegada Fernanda Costa de Oliveira enviado à Justiça indicia sete pessoas, entre elas Lúcia Carvalho, o ex-coordenador de Gestão Patrimonial da SPU no DF, João Macedo Prado, e o diretor de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos da Terracap, José Humberto Matias de Paula. Os crimes apontados pela PF são formação de quadrilha, fraude documental e formação de quadrilha.
O início da polêmica remonta à época da desapropriação de terras goianas para a criação do DF. A União indenizou Eduardo Dutra Vaz, dono da propriedade rural onde hoje fica Vicente Pires, relativo a 1.807 hectares medidos. No entanto, já nos anos 2000, uma nova medição identificou que a área seria de 2.151 hectares, restando 344 hectares.
Os herdeiros de Dutra Vaz entenderam que esse restante pertencia a eles e a Terracap, por sua vez, considerava que a área era dela. Diante disso, a estatal recorreu à Justiça contra posseiros que ocuparam a área. A União também entrou na briga, justificando que havia pago pela desapropriação no passado e que seria a dona do terreno. A SPU solicitou, então, o repasse da gleba com outros terrenos que serviriam para a formação da Floresta Nacional de Brasília.
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Carlos Lins afirma que a transferência da área para a União está suspensa |